— EDITORIAL —

CARTA AO LEITOR

Chegamos à edição de outubro do Conectados em um momento em que o setor eletroeletrônico se prepara para atender à demanda sazonal gerada pela Black Friday e o Natal.

Apesar de 2020 ter sido um ano desafiador, diante de todos os enfrentamentos que tivemos que superar por conta da pandemia, felizmente vivemos um novo momento em que viramos a chave e a pauta agora é aproveitar as oportunidades para recomposição, neste segundo semestre, das perdas registradas no semestre passado, em especial quando vivemos o auge da crise, no segundo trimestre.

Para compreendermos a dimensão do cenário atual, compilamos dados de mercado sobre as expectativas para as vendas na Black Friday e Natal e ouvimos os 4 vice-presidentes da ELETROS responsáveis pelos setoriais das linhas de ar-condicionado, branca, marrom e portátil. O tema ainda é tratado em artigo assinado pelo presidente do Grupo Eletrolar, Carlos Clur, na seção “Visão de Especialista”.

Convidamos também o presidente do Inmetro, Marcos Heleno Guerson de Oliveira Junior, para falar sobre os desafios da pandemia, dos planejamentos da autarquia, da agenda e modernização de sistemas para atender às necessidades da indústria.

Por fim, além dos compromissos da ELETROS que você acompanha na nossa seção “Fique Ligado”, demos início à cobertura de temas relevantes que estão na agenda de nosso setor no próximo ano.

Boa leitura!

 

O Conectados é uma publicação mensal da Eletros com o objetivo de reforçar, junto à opinião pública e formadores de opinião, a importância de nossa representatividade ao desenvolvimento econômico e social do país.

FIQUE LIGADO

SAIBA OS PRINCIPAIS ASSUNTOS QUE MOBILIZARAM A AGENDA ELETROS EM OUTUBRO

CONSELHO DA ELETROS SE REÚNE

Em sua terceira reunião anual, o Conselho de Administração da ELETROS se reuniu por videoconferência no dia 08.10. Na ocasião, foram debatidos os principais temas da agenda do setor de eletroeletrônico e cada um dos vice-presidentes manifestaram as particularidades dos setoriais de linha branca, marrom, portátil e ar-condicionado.

Pesquisa da ELETROS realizada junto de suas associadas concluiu alguns aspectos importantes sobre as dificuldades enfrentadas entre março e maio. Entretanto, o levantamento já conseguiu captar os sinais positivos identificados a partir de junho com a retomada da economia e o início da demanda sazonal gerada pela Black Friday e o Natal, indicando uma tendência de que o setor como um todo vive um momento de recomposição das perdas.

Além das agendas estruturais como a Reforma Tributária e Abertura Comercial, temas mais pontuais como dificuldades no acesso a insumos, variação cambial, comportamento do consumidor, entre outros, ganharam atenção. Jorge Nascimento destacou o esforço do corpo diretivo da ELETROS na busca das melhores soluções junto ao Poder Público e demais segmentos econômicos.

Sendo a primeira reunião do Conselho Administrativo após a retomada da economia a partir de uma sensível melhora na crise sanitária, foi bastante positiva a troca entre as empresas e a direção da associação.

“Ficou claro em nossa reunião do Conselho de Administração que vivemos um bom momento, reflexo de uma demanda reprimida gerada pela pandemia, o que não deixa de ser um resultado positivo. Por outro lado, o setor ainda sente necessidade de maior clareza sobre as perspectivas para 2021 para que retornemos a um cenário de maior confiança e, assim, possamos voltar a pensar em crescimento de fato”, afirma Jorge Nascimento

ELETROS SE ENCONTRA COM BRAGA NETTO


A ELETROS foi recebida em encontro com o Ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto. O objetivo foi levar ao governo o posicionamento do setor sobre a proposta de redução do IPI para linha branca levando em conta o atual cenário de forte demanda por conta da sazonalidade e a necessidade de se adotar medidas de estímulo à economia em 2021.

AÇO

A ELETROS participou, a convite da ABIMAQ, de reunião com ABINEE, ABFA, ABIFER e SINDIPEÇAS, para discutir alternativas sobre a dificuldade com o desabastecimento do aço que afeta não só as empresas do setor eletroeletrônico, mas, também, vem prejudicando parte significativa da indústria brasileira.

Com a justificativa de que a indústria do aço também vive um momento de forte demanda após ter parte de sua produção paralisada no período mais crítico da pandemia, há expectativa de que o fornecimento volte à normalidade até o final do ano.

PAULO GUEDES

Em mais uma reunião da Coalizão Indústria, a ELETROS se reuniu por videoconferência, no dia 30.10, com o Ministro da Economia, Paulo Guedes, para tratar iniciativas do governo para o fortalecimento da economia, medidas de estímulo para 2021, falta e aumento de custos dos insumos, variação cambial, teto de gastos, reformas administrativa e tributária, inflação e abertura comercial. O Secretário Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade (Sepec), Carlos da Costa, também participou da reunião, além das associações empresariais que compõem o grupo. O próximo encontro está programado para o dia 12.12.

EXPECTATIVAS DO SETOR

APÓS UM MOMENTO DE FORTE RECOMPOSIÇÃO DE PERDAS NO TERCEIRO TRIMESTRE, BLACK FRIDAY E NATAL ALIMENTAM BOAS EXPECTATIVAS PARA A INDÚSTRIA DE ELETROELETRÔNICOS

O cenário observado no terceiro trimestre para a indústria de eletroeletrônicos difere completamente das adversidades enfrentadas no segundo semestre por conta das restrições de circulação de pessoas impostas pela pandemia. Há uma forte expectativa de que os números consolidados demonstrem claramente a percepção que já se tem em boa parte das indústrias: o setor passa por um momento de recomposição de perdas e as fábricas trabalham a todo vapor para capitalizar com a sazonalidade da Black Friday e do Natal, duas das mais importantes oportunidades ao longo dos anos de se encontrar um consumidor disposto e preparado para comprar.

Diversos analistas têm manifestado que apesar de todos os desafios enfrentados em 2020 devemos ter uma Black Friday positiva, sob diversos aspectos. O que mais chama atenção, entretanto, são as vendas realizadas via e-commerce. De acordo com levantamentos realizados pela Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) e pela consultoria Ebit|Nielsen, o faturamento da Black Friday 2020 será maior do que no ano passado, quando bateu recorde nas vendas online.

Segundo pesquisa da ABComm, em parceria com o NeoTrust – Compre & Confie, a estimativa para o evento deste ano é de crescimento de 77% nas vendas em relação a 2019, atingindo a marca de R$ 6,9 bilhões.

Essa tendência de crescimento nas vendas online apontada pelas pesquisas deve se repetir no Natal. Dentre os motivos que explicam o crescimento, o principal deles é unânime: o isolamento provocado pela pandemia de Covid-19, que já preparou o consumidor para as compras virtuais.

Para compreender as perspectivas do ponto de vista de nossa indústria, o Conectados apresenta 4 entrevistas realizadas com os vice-presidentes setoriais que traçaram um panorama específico para cada um dos segmentos que atuamos, ou seja, ar-condicionado, linha branca, linha marrom e linha portátil. Por estas entrevistas os nossos leitores irão compreender o que, de fato, aconteceu no terceiro trimestre, o que mais pode acontecer com a performance do nosso setor neste final de ano e quais são as expectativas para 2021.

Pela linha branca, acompanhe a entrevista de Eduardo Vasconcelos, pela linha marrom, fala Marcio Herman, Toshio Murakami representa o segmento de ar-condicionado e, por fim, Jacques Ivo Krause comenta sobre eletroportáteis.

LINHA BRANCA

“Nossa expectativa é de que a recuperação experimentada até setembro se mantenha até o final do ano”

Eduardo Vasconcelos, vice-presidente do setorial de linha branca da ELETROS

1. CONECTADOS: O setorial de Linha Branca apresentou um bom desempenho no 1º trimestre e, após o início das medidas restritivas de circulação social por conta da pandemia, passou a experimentar uma desaceleração que chegou a seu auge nos meses de abril e maio. Nas projeções do setor, seria possível termos registrado uma retração ainda mais severa? Se sim, o que pode ter influenciado para a atenuação desse cenário?

 

Eduardo Vasconcelos: Observando o comportamento do mercado de T3 (geladeiras, máquinas de lavar roupas e fogões), começamos o ano com uma tendência de crescimento, mas com a eclosão da pandemia em março observamos uma retração da ordem de 2,75% em comparação com o primeiro trimestre de 2019. A retração no segundo trimestre foi ainda maior, chegando a quase 37% (vs 2019). Não era possível prever onde seria o fundo do poço, mas nossa avaliação é que, certamente, as medidas adotadas pelo Governo Federal para criar amortecedores para a crise tiveram um papel fundamental na manutenção dos empregos e na aceleração da recuperação econômica.

2. CONECTADOS: Já a partir de maio, com o início da retomada econômica e de um cenário de normalização das atividades do comércio físico, observamos um movimento de desaceleração de perdas. Podemos considerar que esse cenário já é de recuperação para o setor ou estamos em fase de recomposição de perdas? Quais fatores têm permitido a retomada do crescimento do setor?

 

Eduardo Vasconcelos: No terceiro trimestre experimentamos um aumento de 26% no volume de vendas de T3, comparativamente a 2019. Esse crescimento ainda não compensa as perdas sofridas no segundo trimestre, mas indica uma importante tendência de recuperação. Além das medidas adotadas pelo governo, os novos hábitos de consumo decorrentes da pandemia impulsionam o aumento da demanda por produtos que melhoram a vida e experiência dos consumidores em suas casas. Com o isolamento social, muitos consumidores passaram a utilizar de forma mais intensiva seus eletrodomésticos e perceberam a necessidade de substituir os equipamentos ou investir em novos produtos como, por exemplo, a máquina lava-louças.

3. CONECTADOS: Qual a expectativa que o setorial tem em relação a Black Friday e Natal? Haverá aumento nas vendas, é possível estimar algum percentual? Qual a importância desta sazonalidade para o setorial, há uma média de crescimento histórico?

 

Eduardo Vasconcelos: Historicamente, o quarto trimestre é o mais representativo em relação ao volume de vendas, em média 18% superior à média dos demais trimestres do ano. Nossa expectativa é de que a recuperação experimentada até setembro se mantenha até o final do ano, mas não estimamos em qual percentual.

4. CONECTADOS: Na fase mais severa da pandemia, observamos que o e-commerce foi a maneira encontrada pela indústria para seguir mantendo as vendas e o contato direto com o consumidor, mesmo considerando que essa modalidade ainda tem pouca representatividade nos volumes totais. Você acredita que o consumidor se habituou a comprar desta forma, mesmo os produtos da Linha Branca. É possível estimar algum crescimento das vendas por este canal já nesta Black Friday e no Natal, mesmo com as lojas físicas abertas?

Eduardo Vasconcelos: No auge da pandemia, entre os meses de março e abril, houve de fato um incremento da representatividade do canal digital nas vendas do setor. Entretanto, com a gradual reabertura do varejo físico, observou-se um reequilíbrio entre os canais. Claramente, há uma tendência de crescimento do e-commerce, mas o principal canal de vendas segue sendo o varejo “tradicional”.

5. CONECTADOS: Há uma questão pontual que invariavelmente vem afetando o setor de eletroeletrônicos que é a falta de insumos. Além da dificuldade no acesso a estes produtos essenciais para nossa produção, há ainda fatores como demanda e o câmbio, que acabam pressionando as empresas em relação aos seus custos. Por outro lado, sabemos que nosso setor como um todo trabalha para oferecer produtos cada vez mais acessíveis aos consumidores. Como as indústrias do setorial de Linha Branca estão trabalhando para superar esse desafio? Pode haver recomposição de preços ao consumidor, esse é um ponto que preocupa?

 

Eduardo Vasconcelos: A recuperação econômica após o choque da pandemia foi muito esperada e é fundamental, mas a velocidade com que ela está se apresentando no nosso setor traz uma série de desafios, alguns deles já conhecidos. Por exemplo, historicamente há no Brasil uma relevante restrição de acesso a insumos e matérias primas, decorrentes da aplicação de medidas de defesa comercial. Com o aumento da demanda, aliado ao efeito câmbio, essa proteção tem se traduzido em redução na oferta desses insumos no mercado nacional. Além disso, temos enfrentado desafios decorrentes exclusivamente do rápido aumento na demanda, atingindo produtos como o papelão para embalagens e até mesmo a disponibilidade de containers.

6. CONECTADOS: O que o setor espera do país em 2021?

 

Eduardo Vasconcelos: O nosso desejo é que a recuperação experimentada no segundo semestre de 2020 se mantenha em 2021, e que não tenhamos mais um “voo de galinha”, mas ainda há muita incerteza. Acreditamos que o Executivo e o Congresso têm um desafio importantíssimo que é garantir o cumprimento do teto dos gastos e assegurar um ambiente de estabilidade fiscal que dê segurança aos investidores e evite choques em termos de juros, câmbio e pressão inflacionária.

LINHA MARROM

” O consumidor deve utilizar ferramentas de e-commerce em conjunto com as visitas às lojas físicas. É esse cenário que esperamos tanto para a Black Friday quanto para o Natal”

Marcio Herman, vice-presidente do setorial de linha marrom da ELETROS

1. CONECTADOS: O setorial de Linha Marrom apresentou um bom desempenho no 1º trimestre e, após o início das medidas restritivas de circulação social por conta da pandemia, passou a experimentar uma desaceleração que chegou no seu auge nos meses de abril e maio. Nas projeções do setor, seria possível termos registrado uma retração ainda mais severa? Se sim, o que pode ter influenciado para a atenuação desse cenário?

 

Marcio Herman: Sim, vários fatores foram cruciais para garantir que o setor conseguisse mitigar o cenário de restrição de circulação no segundo trimestre deste ano. Vale ressaltar a rapidez e o sucesso das nossas empresas em migrar a sua operação para um modelo focado em home office, bem como em alterar grande parte dos processos de venda para plataformas de e-commerce. Projetos governamentais com foco na manutenção dos empregos, bem como na ajuda emergencial, também tiveram um impacto positivo para o setor durante a pandemia.

2. CONECTADOS: Já a partir de maio, com o início da retomada econômica e de um cenário de normalização das atividades do comércio físico, observamos um movimento de desaceleração de perdas. Podemos considerar que esse cenário já é de recuperação para o setor ou estamos em fase de recomposição de perdas? Quais fatores têm permitido a retomada do crescimento do setor?

 

Marcio Herman: Durante os primeiros meses da pandemia, o nosso setor se reinventou e se preparou para atender as demandas do consumidor dentro do “novo normal”. O setor vem se recuperando semana após semana, mês após mês. Ainda não alcançamos os números de 2019 em termos de produção, apesar do mercado em sell-out já superar o mesmo período do ano passado, analisando os nossos principais produtos.

3. CONECTADOS: Qual a expectativa do setorial para este 3º trimestre, haverá crescimento em relação ao 2º trimestre e também em relação ao 3º trimestre de 2019?

 

Marcio Herman: Sim, analisando os dados de produção do nosso setorial, bem como as pesquisas de consumo, temos a certeza de que o setor teve um forte aumento no consumo de seus produtos, ao longo deste trimestre, comparando com o trimestre anterior. Comparando os dados de janeiro a setembro de 2020 com os dados de janeiro a setembro de 2019, temos uma pequena redução na produção e no consumo, decorrente de todo o cenário de pandemia de 2020.

4. CONECTADOS: Qual a expectativa que o setorial tem em relação à Black Friday e Natal? Haverá aumento nas vendas? É possível estimar algum percentual? Qual a importância desta sazonalidade para o setorial, há uma média de crescimento histórico?

 

Marcio Herman: As expectativas são muito boas. A Black Friday vem ganhando importância ao longo dos últimos anos e as TVs, principal produto do nosso setorial, são sempre uma das categorias mais importantes do evento. Neste ano devemos esperar um incremento nas vendas por e-commerce e não devemos mais observar grandes aglomerações em lojas físicas. E esse será outro desafio que o nosso setorial, juntamente com nossos parceiros do comércio, deve analisar, planejar e implementar as ações necessárias para atender as demandas do consumidor.

5. CONECTADOS: Na fase mais severa da pandemia observamos que o e-commerce foi a maneira encontrada pela indústria para seguir mantendo as vendas e o contato direto com o consumidor, mesmo considerando, ainda, que essa modalidade tem pouca representatividade nos volumes totais. Você acredita que o consumidor se habituou a comprar desta forma? É possível estimar algum crescimento das vendas por este canal já nesta Black Friday e no Natal, mesmo com as lojas físicas abertas?

 

Marcio Herman: Na prática a pandemia acabou por acelerar uma série de tendências que eram esperadas para os próximos anos. O e-commerce foi uma delas. O consumidor, bem como o varejo, precisou pesquisar, aprender e utilizar diferentes ferramentas de e-commerce durante a pandemia como uma ferramenta para atender as suas demandas, mesmo com todas as restrições impostas pela pandemia. E esse conhecimento adquirido não deve ser descartado. O consumidor deve utilizar as ferramentas de e-commerce em conjunto com as visitas às lojas físicas. É esse o cenário que esperamos tanto para a Black Friday quanto para o Natal.

6. CONECTADOS: Há uma questão pontual que invariavelmente vem afetando o setor de eletroeletrônicos que é a falta de insumos. Além da dificuldade no acesso a estes produtos essenciais para nossa produção, há ainda fatores como demanda e o câmbio, que acabam pressionando as empresas em relação aos seus custos. Por outro lado, sabemos que nosso setor como um todo trabalha para oferecer produtos cada vez mais acessíveis aos consumidores. Como as indústrias do setorial de Linha Marrom estão trabalhando para superar esse desafio? Pode haver recomposição de preços ao consumidor, esse é um ponto que preocupa?

 

Marcio Herman: Esse é um dos maiores desafios do nosso setorial: prover aos nossos consumidores produtos com cada vez mais tecnologia embarcada e valor agregado (como Smart TVs, tecnologia 4K, 8K, telas maiores etc.) e ao mesmo tempo buscando reduzir o custo para os nossos clientes. A pandemia, não alterou a forma como trabalhamos ou os objetivos que buscamos. Contudo, a alta do dólar e a escassez de alguns insumos fez com que as empresas se empenhassem ainda mais para mitigar o repasse de custos adicionais para os consumidores.

7. CONECTADOS: Quais as expectativas do setor para o país em 2021?

 

Marcio Herman: As expectativas são muito boas, porém sabemos que existem diversos desafios que devem ser trabalhados ao longo de 2021. Temas como a falta de insumos no mercado internacional e o impacto da alta do dólar devem ser monitorados com o devido cuidado. Olhando para o principal produto do nosso setorial, que são os aparelhos televisores, teremos também o desafio de incluir uma nova versão de software no padrão de TV adotado no Brasil, com todos os cuidados necessários para garantir a funcionalidade dos novos aplicativos, sem impactar o custo do produto final.

Se por um lado, mantemos vários pontos que devem ser monitorados e tratados com cuidado em 2021, por outro lado a maior utilização dos televisores deve continuar estimulando os consumidores a renovarem seus aparelhos por tecnologias recentes e telas maiores.

Com o rápido desenvolvimento de tecnologias inteligentes para TV, espera-se que a nova competição por recursos de Inteligência Artificial – como recomendações de conteúdo, a otimização de qualidade de imagem / som e controle de voz – seja introduzida em uma variedade de categorias. Outra tendência são as telas ultragrandes (acima de 75 polegadas) que deve dominar o mercado de TVs premium. Por fim, vislumbramos ainda uma ampliação do mercado de aparelhos 8k. Com cada vez mais empresas trabalhando para oferecer conteúdo em 8K, temos certeza de que essa resolução terá uma expansão em um ritmo acelerado.

Os associados da ELETROS acreditam no mercado brasileiro e olham com otimismo para o país. Prova disso é que, mesmo em momentos desafiadores, a indústria continua trazendo para o país produtos que incluem o que há de mais moderno em termos de tecnologia no mercado global de televisores e aparelhos de A&V, oferecendo ao consumidor brasileiro produtos de última geração, com produção local e preços acessíveis.

Finalizando, acreditamos que, em momentos desafiadores, o consumidor avalia mais cuidadosamente a compra de um novo produto e investe na marca em que confia.

AR-CONDICIONADO

“Por ser um produto sazonal, o ar-condicionado tem uma venda maior no verão, sendo que o período de agosto a janeiro representa quase 70% das vendas da indústria”

Toshio Murakami, vice-presidente do setorial de ar-condicionado da ELETROS

1. CONECTADOS: Apesar das dificuldades apresentadas pelo setorial de ar-condicionado no 2º trimestre de 2020, observamos uma retomada a partir da segunda quinzena de maio e no mês de junho por conta da onda de calor nas regiões norte e que acabou se estendendo para o restante do país. Esse fenômeno possibilitou que as empresas de ar-condicionado recompusessem parte de suas perdas, minimizando o que poderia ser um 1º semestre de perdas ainda mais severas. Qual a expectativa do setorial para este 3º trimestre, haverá crescimento em relação ao 2º trimestre?

 

Toshio Murakami: A forte onda de calor, com temperaturas recordes, que se iniciou no mês de agosto e se estendeu até setembro em várias partes do Brasil, principalmente na região Sudeste, somados ao isolamento social causado pela Covid-19 que levou muitas pessoas ao trabalho “Home Office”, acabou criando um “represamento de vendas” e uma forte demanda, fazendo com que as vendas de “Sell In”, ou seja, das vendas da indústria aos revendedores, crescessem no 3° trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado em 11,5%. Em relação ao 2° trimestre que é um período de “Low Season”, ou seja, de baixa estação e que este ano foi muito afetado pela crise da saúde; o 3° trimestre por ser um período de entrada da “season”, tivemos um crescimento significativo de 224%, mostrando uma forte recuperação de perdas.

2. CONECTADOS: Ao observarmos as vendas do setorial de ar-condicionado no início do ano, podemos concluir que o setor vinha relativamente com bom desempenho no início do ano. Você considera que a retomada neste 3º trimestre deva proporcionar um período de resultados fortes?

 

Toshio Murakami: O 1º trimestre de 2020 teve um forte crescimento das vendas de “Sell In” (vendas da indústria ao varejo) principalmente em março de 2020 onde acreditamos que muitas empresas revendedoras compraram produtos temendo um aumento dos preços por conta da taxa cambial; mas quando olhamos para a venda aos consumidores que chamamos de “Sell Out”, o resultado foi bastante baixo, mostrando uma queda no 1° trimestre.

3. CONECTADOS: Qual a expectativa que o setorial tem em relação à Black Friday? Haverá aumento nas vendas? É possível estimar algum percentual? Qual a importância desta sazonalidade para o setorial, há uma média de crescimento histórico?

Toshio Murakami: Em função dos níveis de estoque, tanto nos fabricantes como nos revendedores, sejam varejistas ou canais especializados, não acreditamos que haja um aumento das vendas na ponta por conta do Black Friday.

O ar-condicionado por ser um produto sazonal tem uma venda maior no verão, sendo que o período de agosto a janeiro representa quase 70% das vendas da indústria.

4. CONECTADOS: Há uma expectativa de que tenhamos um verão nas regiões sul e sudeste com altas temperaturas, o que é positivo para o setorial. Vocês têm trabalhado com essas previsões também. Já é possível projetar crescimento nas vendas no 4º trimestre por conta do calor? Devemos ter um 4º trimestre melhor do que o registrado no ano passado? Caso isso ocorra há a possibilidade de recomposição total dos prejuízos causados pela pandemia?

 

Toshio Murakami: Para o verão 2020/2021 a indústria trabalha com a previsão de um verão normal, sem a ocorrência de fenômenos climáticos como o El Ninõ ou La Ninã. Temperaturas mais elevadas, mas dentro do normal para o período.

O grande desafio neste momento para os fabricantes de ar-condicionado é garantir as produções previstas até dezembro, que são menores que do ano passado. Neste momento já existe uma falta de aparelhos por parte de diversos fabricantes, principalmente nos aparelhos de baixas capacidades, e esta falta deve continuar até o final do ano. Por isso acreditamos que o crescimento no 4° trimestre não será igual ao verificado no 3° trimestre, mas ainda sim a expectativa é positiva e o setor espera fechar o ano recuperando perdas, ainda com prejuízos, mas muito inferiores ao esperado no início da pandemia.

5. CONECTADOS: Há uma questão pontual que invariavelmente vem afetando o setor de eletroeletrônicos que é a falta de insumos. Além da dificuldade no acesso a estes produtos essenciais para nossa produção, há ainda fatores como demanda e o câmbio, que acabam pressionando as empresas em relação aos seus custos. Por outro lado, sabemos que nosso setor como um todo trabalha para oferecer produtos cada vez mais acessíveis aos consumidores. Como as indústrias do setorial de ar-condicionado estão trabalhando para superar esse desafio? Pode haver recomposição de preços ao consumidor? Esse é um ponto que preocupa?

 

Toshio Murakami: O aumento dos custos dos insumos é hoje uma das grandes preocupações do setor, além de estarmos sofrendo aumentos “reais” em função da falta de oferta de insumos como, por exemplo, polímeros, metais etc., temos ainda a desvalorização do real que afeta diretamente insumos importados e as commodities.

A indústria de ar-condicionado busca diminuir parte destes aumentos de custos por meio de melhorias nos seus processos internos e na redução de custos na cadeia toda, mas é um desafio bastante grande de ser superado, inevitável que estes aumentos sejam repassados aos preços.

6. CONECTADOS: Quais as expectativas do setor para o país em 2021?

 

Toshio Murakami: Apesar de uma expectativa positiva, o setor ainda vê com preocupações o ano de 2021 para o país e, mais ainda, para o segmento de ar-condicionado.

Déficit fiscal, reforma administrativa, reforma tributária, abertura comercial são alguns dos pontos importantes da agenda do governo que impactarão diretamente na economia em 2021 e nos próximos anos.

Flexibilização do PPB (Processo Produtivo Básico) de Ar-Condicionado, manutenção dos incentivos fiscais do estado do Amazonas, redução do “Custo Brasil”, linhas de financiamentos tanto para as indústrias modernizarem suas linhas de produção e para P&D, bem como linhas de financiamento para a substituição de equipamentos ineficientes instalados, fazem parte da agenda positiva que as indústrias de ar-condicionado trabalham para 2021.

LINHA PORTÁTIL

“Fechamos o terceiro trimestre com crescimento sobre igual período de 2019 e a tendência é positiva para o quarto trimestre”

Jacques Ivo Krause, vice-presidente do setorial de linha portátil da ELETROS

1. CONECTADOS: O setorial de Linha Portátil apresentou um bom desempenho no 1º trimestre e, após o início das medidas restritivas de circulação social por conta da pandemia, passou a experimentar uma desaceleração que chegou no seu auge nos meses de abril e maio. Nas projeções do setor, seria possível termos registrado uma retração ainda mais severa? Se sim, o que pode ter influenciado para a atenuação desse cenário?

 

Jacques Krause: O setor vinha com retração no primeiro bimestre de 2020 comparado a 2019, principalmente em função das menores vendas de ventilação. Em março, as vendas começaram a sofrer a forte influência das lojas fechadas devido à pandemia. O segundo trimestre mostrou a intensificação das perdas no mês de abril e, a partir de maio, já se percebia melhora no mercado. Não tínhamos perspectiva de uma retomada rápida naquele momento, pois a população estava se adaptando à situação trazida pela pandemia, e o governo começava a pagar a primeira parcela de ajuda à população desprovida de recursos. Esperava-se a reabertura das lojas para a volta das compras da população.

2. CONECTADOS: Já a partir de maio, com o início da retomada econômica e de um cenário de normalização das atividades do comércio físico, observamos um movimento de desaceleração de perdas. Podemos considerar que esse cenário já é de recuperação para o setor ou estamos em fase de recomposição de perdas? Quais fatores têm permitido a retomada do crescimento do setor?

 

Jacques Krause: A partir de maio, passamos a perceber uma recuperação do mercado em função do redirecionamento das compras ao e-commerce, hipermercados e home centers que continuavam abertos. Em junho, experimentamos forte crescimento nas vendas, que se mantiveram nos meses posteriores. Essa retomada ocorreu pelos seguintes motivos:

  • A população passou a receber a ajuda de custos do governo. Parte desse valor foi direcionado a compra de produtos eletrodomésticos, em especial os portáteis.
  • Os funcionários em Home Office perceberam que conseguiriam se manter empregados, mesmo na condição de trabalho à distância e, com isso, tendo mais confiança para que no futuro próximo também possa voltar ao consumo.
  • A convivência contínua na casa das famílias provocou a necessidade de novos eletrodomésticos e a substituição dos mais antigos. Passaram a ter especial importância produtos como: Aspiradores, Fritadeiras a Ar e produtos de cuidados pessoais.

3. CONECTADOS: Qual a expectativa do setorial para este 3º trimestre, haverá crescimento em relação ao 2º trimestre e também em relação ao 3º trimestre de 2019?

 

Jacques Krause: Fechamos o terceiro trimestre com crescimento sobre igual período de 2019 e a tendência é positiva para o quarto trimestre.

4. CONECTADOS: Qual a expectativa que o setorial tem em relação a Black Friday e Natal? Haverá aumento nas vendas? É possível estimar algum percentual? Qual a importância desta sazonalidade para o setorial? Há uma média de crescimento histórico?

 

Jacques Krause: Essas datas são importantes para o mercado de portáteis. A expectativa é termos vendas similares a 2019, em virtude das limitações de suprimentos da indústria de base, e aos baixos estoques dos lojistas.

5. CONECTADOS: Ao considerarmos os resultados apurados no 3º trimestre somados às nossas expectativas em relação a Black Friday e Natal, podemos estimar uma recomposição das perdas registradas ao longo do ano? Qual seria percentualmente essa recomposição, considerando que de janeiro a agosto o setor acumula perdas da ordem de 9%?

 

Jacques Krause: Consideramos que o setorial de portáteis na ELETROS deverá ter condições de repetir o volume de vendas de 2019 este ano, recuperando as perdas do primeiro semestre.

6. CONECTADOS: Na fase mais severa da pandemia observamos que o e-commerce foi a maneira encontrada pela indústria para seguir mantendo as vendas e o contato direto com o consumidor, em especial no caso dos produtos portáteis. Você acredita que o consumidor se habituou a comprar desta forma? É possível estimar algum crescimento das vendas por este canal já nesta Black Friday e no Natal, mesmo com as lojas físicas abertas?

 

Jacques Krause: Sem dúvida o brasileiro passou a confiar mais nas compras através do e-commerce, e parte desses clientes se manterão fiéis a esse novo canal, ampliando a fatia das vendas online no país. Mas, a reabertura das lojas vai fazer com que parte desses consumidores voltem a comprar nas lojas físicas também. A evolução do Brasil nas vendas online durante a pandemia foi importante, com os grandes lojistas se ajustando para melhor atender seus clientes, principalmente o desenvolvimento da cadeia logística, primordial para um bom serviço de atendimento neste canal.

7. CONECTADOS: Durante a pandemia e o afastamento social, observamos o crescimento de algumas categorias de produtos. Aparentemente, nesse momento de retomada, a procura por esses produtos se mantém. São eles: Aspiradores de Pó, Ferros de Passar, Secadores de Cabelo, Ventiladores de Mesa e Ventiladores de Coluna. Você acredita que estes produtos devem seguir apresentando bons resultados? Quais os fatores que impulsionaram as vendas destes produtos?

 

Jacques Krause: Alguns produtos se mostraram mais necessários durante a pandemia devido a reclusão das famílias a suas casas, entre estes produtos, destacaram-se os Aspiradores de Pó, Cortadores de Cabelo, Modeladores de Cabelos, Máquinas de Suco e Fornos Elétricos, justamente pela necessidade de realização da limpeza diária das residências, impossibilidade de ida aos cabelereiros, bem como manter a saúde e fazer as refeições em casa. Essas necessidades trouxeram ao consumidor a experiência mais próxima com esses produtos, e que certamente os motivarão a mantê-los no pós-pandemia. São produtos que trazem eficácia e facilidade de uso para os trabalhos domésticos do dia a dia numa residência.

8. CONECTADOS: Há uma expectativa de que tenhamos um verão nas regiões sul e sudeste com altas temperaturas, o que é positivo para o setorial. Vocês têm trabalhado com essas previsões também, já é possível projetar crescimento nas vendas de ventiladores no 4º trimestre por conta do calor? Devemos ter um 4º trimestre melhor do que o registrado no ano passado? Caso isso ocorra, há a possibilidade de recomposição total dos prejuízos causados pela pandemia, pelo menos nas empresas deste segmento?

 

Jacques Krause: A chegada do verão, as previsões de temperatura e o ciclo de chuvas orientam a indústria, mas as vendas acontecem no momento em que o consumidor realmente percebe o calor contínuo, que o estimula a comprar um ventilador, liquidificador ou espremedor de frutas para ajudar a refrescar-se. As vendas acontecem mais intensamente quando temos vários dias seguidos de calor, sem chuvas ao final da tarde e noite, não somente pela máxima temperatura do ano. As previsões indicam que teremos um verão dentro da normalidade, sem fortes ondas de calor. Esperamos que o segundo semestre cubra as perdas que tivemos no primeiro semestre e, com isso, fechar 2020 com vendas um pouco superiores às de 2019.

9. CONECTADOS: Há uma questão pontual que invariavelmente vem afetando o setor de eletroeletrônicos que é a falta de insumos. Além da dificuldade no acesso a estes produtos essenciais para nossa produção, há ainda fatores como demanda e o câmbio, que acabam pressionando as empresas em relação aos seus custos. Por outro lado, sabemos que nosso setor como um todo trabalha para oferecer produtos cada vez mais acessíveis aos consumidores. Como as indústrias do setorial de Linha Portáteis estão trabalhando para superar esse desafio? Pode haver recomposição de preços ao consumidor? Esse é um ponto que preocupa?

 

Jacques Krause: Os fabricantes de eletroportáteis têm a grande maioria de seus custos indexados ao câmbio. A desvalorização do Real força a cadeia como um todo a recuperar suas margens mínimas, consequentemente levando ao aumento do preço ao consumidor final. Trabalhamos com commodities, entre elas as metálicas (aço, cobre, alumínio), celulose, plásticas (PP, SAN, ABS, PA, POM), que têm seus custos atualizados mensalmente com base na cotação do dólar e de suas matérias primas básicas que são cotadas nas Bolsas Internacionais dessas commodities. A recomposição de preços vem acontecendo na indústria e no varejo e deve permanecer à medida que a desvalorização do Real continuar.

O setor de eletroportáteis deve se manter estável em 2020 (sobre 2019), pois o crescimento do segundo semestre deve compensar as perdas do primeiro semestre de 2020. A indústria de base também está se recompondo, e neste momento, vem causando falta de insumos à indústria de manufatura. Mas, acreditamos que esses problemas venham a ser resolver a partir de janeiro de 2021, com a volta de investimentos na produção.

10. CONECTADOS: O que o setor espera do país, em 2021?

 

Jacques Krause: O setor de eletroportáteis deve crescer em 2021, na esteira do PIB brasileiro. Até porque tivemos um ano de 2020 com o 1° semestre muito abaixo das expectativas. Mas, precisamos priorizar a manutenção do teto de gastos, apoiar as reformas administrativa e tributária, entre outras, assim, dar segurança às empresas que precisam de uma visão de longo prazo para aprovar investimentos importantes para sustentar o crescimento da indústria brasileira.

INMETRO

INMETRO FOCA EM PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E MODERNIZAÇÃO PARA ATENDER ÀS NECESSIDADES DO MERCADO

Autarquia fundamental para regulação da indústria brasileira, o Inmetro também foi impactado pela pandemia, entretanto, manteve-se firme no ritmo de implementar uma série de agendas visando a sua adequação para os desafios do futuro.

Não por acaso, a atual gestão tem como foco principal um novo planejamento estratégico e a modernização do ponto de vista regulatório com o objetivo de alinhar a atuação do Inmetro às intensas transformações no modelo de negócios de indústrias e serviços regulados pela autarquia, com foco na digitalização da economia, tanto na produção como nas relações de consumo.

Para detalhamento da atual agenda e para compreendermos o que deve ser a pauta em que o Inmetro está comprometido em ser um provedor de soluções cada vez mais eficientes para o mercado brasileiro, acompanhe a entrevista do Conectados com o presidente Marcos Heleno Guerson de Oliveira Junior.

Conectados: O Sr. assumiu a presidência do Inmetro em fevereiro de 2020, um pouco antes do início da pandemia. Na sua visão, quais foram os impactos deste acontecimento marcante para os planejamentos do Inmetro. Quais os principais contratempos enfrentados e superados pelo Inmetro nesse momento?

Pres. Marcos Heleno: A pandemia representou um desafio muito grande para toda sociedade brasileira. O Inmetro é um organismo de enorme capilaridade e que atua em conjunto com os Institutos Estaduais de Pesos e Medidas, os Ipem, para supervisionar o funcionamento do mercado no que se refere aos produtos e serviços regulamentados pelo Inmetro. Considerando que a resposta à pandemia foi diferente em cada município e estado brasileiro, o Inmetro necessitou entender toda esta dinâmica e ter flexibilidade para se adaptar ao funcionamento da economia brasileira e dos diversos organismos ligados ao Instituto, como laboratórios de ensaios, organismos de inspeção e os próprios Ipem. Além disso, havia o enfrentamento da pandemia em si, que exigia flexibilidade na importação e produção de insumos e equipamentos utilizados pelas equipes de saúde, como respiradores, frascos de álcool gel, luvas e máscaras. Em estreita ligação com órgãos regulamentadores como a Anvisa, o Inmetro trabalhou para que a burocracia dos processos não atrapalhasse os setores da economia envolvidos no enfrentamento da pandemia.

Conectados: Entre as agendas conduzidas pelo Sr., na sua opinião, quais são as mais determinantes para a formatação de novos caminhos para o Inmetro?

Pres. Marcos Heleno: Eu destacaria dois. A primeira é de realização do Planejamento Estratégico do Inmetro, um passo fundamental para o alinhamento das ações realizadas no Instituto e sua estruturação em uma forma mais moderna, mais adequada ao século XXI. A segunda é a modernização de seu modelo regulatório, que está sendo construído com ampla participação dos segmentos interessados na sociedade, tanto no âmbito do governo, como da iniciativa privada.

Conectados: O Inmetro vem passando por atualizações relevantes tanto no campo regulatório como em seus sistemas. Nesse sentido, fica a mensagem da busca de uma interação e integração ainda maiores com as empresas. Quais são os próximos passos e qual a importância desses aprimoramentos para o desenvolvimento do setor industrial e para o consumidor?

Pres. Marcos Heleno: No campo regulatório, o Inmetro tem realizado reuniões com representantes do setor produtivo e está com a agenda aberta para qualquer associação que deseje contribuir para a construção do novo modelo. Além disso, após a formulação de uma proposta, será aberta uma consulta pública para que todos os interessados possam se manifestar e realizar críticas e contribuições para o modelo.

Conectados: Outro aspecto importante para o setor produtivo, em termos de agilidade operacional, tem a ver com o cadastro obrigatório do importador na plataforma federal Gov.br. Isso contribui para desburocratização da operação, já que proporciona o cadastramento do interessado em um único portal. Qual a avaliação que o Inmetro tem feito desse novo procedimento?

Pres. Marcos Heleno: A integração do Inmetro no acesso único via conta Gov.br visou prover uma entrada mais segura e confiável aos nossos sistemas, além de facilitar o acesso dos agentes econômicos aos nossos serviços. Entendemos que, mesmo sendo uma determinação institucional para todo o serviço público federal, esta implantação veio ao encontro das nossas necessidades de fornecer um nível de segurança compatível com o grau de exigência, a natureza e a criticidade dos dados e das informações pertinentes ao serviço público prestado, oferecendo um ambiente de autenticação digital único aos usuários dos serviços públicos digitais, sendo que com um único usuário e senha o cidadão ou a empresa pode acessar qualquer dos serviços prestados pelos entes governamentais, além dos prestados pelo Inmetro.

Conectados: Como a interação próxima e contributiva entre o Inmetro e os diversos setores produtivos nacionais pode contribuir para a implementação de medidas que sejam eficientes para os processos regulatórios e seus destinatários?

Pres. Marcos Heleno: A interação próxima e contributiva entre o Inmetro e os diversos setores produtivos nacionais contribui e tem contribuído de diversas formas para a elaboração e implementação de medidas e processos regulatórios mais eficientes, tanto para os próprios entes regulados quanto para a sociedade em geral. Três principais exemplos podem ser citados:

  • Comissões técnicas constituídas das partes interessadas (representantes do Inmetro, setor produtivo, laboratórios/setores impactados e sociedade em geral) – Esta iniciativa garante que as decisões que sejam encaminhadas tenham o máximo de contribuições para a consolidação de medidas regulatórias eficientes.
  • Consulta Pública anterior a publicação da portaria definitiva – Processo que permite que a sociedade em geral participe da consolidação do texto definitivo. Nesta etapa, são recebidas alterações julgadas pertinentes antes da publicação da versão final da portaria. O processo de consulta pública considera o texto consolidado após as reuniões da comissão técnica e pode sofrer aperfeiçoamentos também.
  • Subsídios obtidos das reclamações, críticas, denúncias e elogios a partir dos canais da Ouvidoria, Sinmac (Sistema Inmetro de Monitoramento de Acidentes de Consumo) e suporte – OAC – Permitem coletar informações que contribuem para o aperfeiçoamento das medidas regulatórias.
  • Por fim, vale ressaltar que o processo de implementação de medidas regulatórias é dinâmico e carece de aperfeiçoamento constante. As contribuições dos mais diversos setores são uma etapa importante para a implementação adequada dos processos regulatórios do Inmetro, que visam a promover um ambiente de justa concorrência e benefícios para toda a sociedade.

Conectados: Ainda que 2020 tenha sido um ano completamente atípico, fazendo um balanço da sua gestão, o que, apesar do momento, foi possível implementar e o que se tornou até mais importante ou urgente, por causa da pandemia?

Pres. Marcos Heleno: Costuma-se dizer que a pandemia fez com que inovações que levavam meses fossem implementadas em dias. O senso de urgência é um grande dinamizador das ações administrativas. A forma de trabalho se dinamizou enormemente com a utilização do trabalho remoto, videoconferências e outras soluções que ajudaram a superar as dificuldades de atividades presenciais e, principalmente, de evitar aglomerações. Hoje, no laboratório de elétrica, já é possível realizar ensaios remotos onde um técnico realiza a montagem do equipamento a ser ensaiado e outro técnico, de sua casa, realiza a calibração utilizando seu computador. Além disso, a realização de reuniões virtuais representa menos custos para as empresas e associações apresentarem suas demandas ao Inmetro e democratizou o acesso à direção do próprio instituto.  Atualmente, o Inmetro está avaliando todas estas medidas para decidir sobre quais continuarão em vigor mesmo após o fim da pandemia.

Conectados: Em relação a 2021, é possível elencar quais serão os principais desafios da autarquia?

Pres. Marcos Heleno: Os principais desafios serão implantar as ações do planejamento estratégico, que será concluído até o final do ano, apoiar o setor produtivo na recuperação das atividades econômicas afetadas pela pandemia e, principalmente, realizar a modernização do Inmetro, para ser um provedor de soluções para o setor produtivo brasileiro e funcionamento do mercado.

Conectados: Com as recentes atualizações do Sistema Orquestra, já é possível fazer um balanço a respeito da utilização, por parte das empresas, deste novo sistema?

Pres. Marcos Heleno: O que foi estabelecido, na verdade, é uma nova funcionalidade no Orquestra para autenticação das empresas via acesso Gov.br, que é a plataforma oficial para autenticação do cidadão e empresas para os serviços do Governo Federal. O objetivo é ampliar a segurança e garantir a identificação de cada cidadão que acessa o serviço.

Até agora, 51% dos usuários que tramitaram processos e tarefas no Orquestra desde 2018 já migraram para o Gov.br

Conectados: Ainda sobre a atualização do Sistema Orquestra, as licenças de importação e os registros de produto ganharam maior agilidade, em especial pelo fato de o processo ser totalmente digital. É possível dimensionar qual o ganho de tempo e a economia de recursos para os usuários, no caso, a indústria?

Pres. Marcos Heleno: O processamento totalmente digitalizado dos registros de objetos e das anuências de licenças de importação facilita a apresentação da documentação por parte dos agentes econômicos, gerando economia de recursos à sociedade e agilizando a análise por parte do Inmetro, reduzindo custos e tempo de trabalho dos servidores e colaboradores que atuam nestas atividades.

As primeiras análises mostram que as medidas que tomamos a partir de agosto levaram à redução de 25% no tempo total gasto nos processos de registros de objetos e de anuência de licenças de importação. Essas medidas foram duas, principalmente.

A primeira é a publicação da Portaria 258/2020, que define novos procedimentos referentes à gestão dos registros de objetos. Ela dispensa o agendamento e a análise prévia do Inmetro na apresentação da documentação referente à manutenção e renovação dos registros e encerra a suspensão e o cancelamento automático destes pelo sistema por não atendimento dos prazos, reduzindo assim a burocracia e as despesas relacionadas a estas atividades para as empresas.

A segunda delas é a Portaria 282/2020, que define a classificação de níveis de riscos para os programas compulsórios de avaliação da conformidade. Pela portaria, dispensamos a apresentação de documentação para a concessão de registro e anuência de licença de importação para os produtos definidos em nível de risco leve (nível I) e, para os produtos classificados como nível moderado (nível II), estabelecemos a concessão do registro e a anuência de licença de importação imediatamente a partir do reconhecimento pelo sistema do pagamento da respectiva taxa.

VISÃO DE ESPECIALISTA I

BLACK FRIDAY: DATA É ESTRATÉGICA E PEDE ESFORÇOS EM VÁRIAS FRENTES

Por Carlos Clur, presidente do Grupo Eletrolar

À medida que a realização da Black Friday vai chegando, todos que atuamos no segmento nos perguntamos se este ano o evento será melhor do que foi em 2019. Venderá mais? A queda na renda inibirá o desejo de comprar? E o consumidor, que durante a pandemia precisou se digitalizar rapidamente, que tipo de comportamento terá em 27 de novembro?

 

São muitas as perguntas e as dúvidas, o que me levou a ver, por algum tempo, a Black Friday de 2020 como uma incógnita. No entanto, observando os números do consumo nos últimos meses e levando em conta o desempenho dos produtos das categorias de eletros durante a pandemia, a minha percepção é que ela possa ser melhor que a do ano passado.

 

Uma das razões para essa crença está nas vendas do varejo, que vem superando as expectativas. O último mês de julho marcou alta de 5,2% em relação a junho, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Foi a terceira alta seguida. Móveis e eletrodomésticos, por exemplo, registraram alta de 4,5% nas vendas.

 

Outras razões embasam a crença no sucesso da Black Friday de 2020. Entre elas, a demanda reprimida, pois o consumidor que atravessou este ano difícil, acredita, muito justamente, que merece uma recompensa, merece se dar um presente. E nada é mais prazeroso do que aproveitar a promoção para comprar um equipamento há muito desejado.

 

Mais fatores importantes são a sedimentação do home office e o avanço das compras online. Entramos em um novo tempo que exige aparelhos mais modernos e confortáveis em casa, hoje transformada também em espaço de trabalho. Assim, é preciso renovar eletroeletrônicos, eletrodomésticos e portáteis, o que, como vimos, começou a ser feito já no início da pandemia, quando os consumidores, mesmo os que não estavam acostumados, foram para o e-commerce. Esse fato já indica que esta será a Black Friday mais digital dos últimos anos.

 

O segmento de eletros é privilegiado, costumo dizer, pois todos os itens que fazem parte dele são essenciais no mundo atual. A Black Friday está chegando e é uma grande oportunidade para impulsionar as vendas, tanto no varejo físico como no virtual, pelas razões aqui expostas. A data é estratégica e o sucesso é certo, desde que haja planejamento e esforços em várias frentes. O consumidor precisa perceber que as ofertas são reais e vantajosas.

VISÃO DE ESPECIALISTA II

MANAUS, COM 351 ANOS DE HISTÓRIA, SE FEZ E CONTINUA SE FAZENDO FUNDAMENTAL PARA A INDÚSTRIA BRASILEIRA

Por Farid Mendonça Júnior (Economista, advogado e administrador)

A cidade de Manaus, fundada em 24 de outubro de 1669 como uma fortificação portuguesa, completou 351 anos este ano. Localizada no coração da Amazônia, com cerca de 2,219 milhões de habitantes, que fazem desta cidade um lócus de prosperidade e preservação.

 

A origem do nome da cidade vem da tribo dos Manaós, que habitavam em torno dos rios Negro e Solimões e seu nome era Barra do Rio Negro no século XIX. Somente em 1856 que a cidade receberia o nome de Manaós, em homenagem ao grupo étnico habitante da região.

 

Com a proclamação da República em 1889, a província do Amazonas passou a ser o Estado do Amazonas, tendo Manaus como sua capital. Já neste novo período do Brasil, a cidade tornou-se o palco principal do ciclo da borracha (De 1870 até 1910), haja vista que a goma tornou-se um insumo ou commodity de alto valor agregado no mercado mundial, principalmente com o surgimento da indústria automobilística, entre outros fins para os quais o produto servia.

 

Manaus passou a ser um centro de atração de migrantes, tanto de trabalhadores e empresários, nacionais e estrangeiros, o que favoreceu bastante a sua economia, além de contribuir com a balança comercial do país, haja vista que a borracha chegou a figurar entre os principais produtos da pauta de exportação e ter contribuído para o Brasil ter se tornado o principal produtor mundial da hevea. Tanto é assim que na capital amazonense encontra-se um dos teatros mais belos do mundo, o Teatro Amazonas, símbolo da belle époque amazonense, custeado com a riqueza gerada pela borracha.

 

Com o surgimento da concorrência internacional na produção e comercialização da borracha, principalmente do sudeste asiático, Manaus entrou em profunda crise econômica, e só se reergueu de forma sólida a partir de 1967 com a criação e implementação do modelo Zona Franca de Manaus pelo decreto-lei 288, de 28 de fevereiro de 1967, com o objetivo de impulsionar o desenvolvimento econômico da Amazônia Ocidental.

 

Este modelo foi criado com o objetivo de substituir as importações, que principalmente naquele período pressionavam bastante a balança comercial brasileira. O foco do modelo estava nos setores agropecuário, industrial e comércio.

 

Tivemos o êxito do comércio, principalmente na década de 1980, até pouco antes da abertura comercial do governo Collor (1990). Manaus tornou-se, devido à sua característica de área de livre comércio, um lócus de compras. Milhares de turistas vinham até Manaus para adquirir diversos produtos, principalmente eletroeletrônicos, como videocassete, walkman, entre outros produtos considerados “coqueluches” da época.

 

Com a abertura comercial do governo Collor (1990), a economia apresentou turbulências, e todo aquele movimento de vinda de turistas para fazer compras na cidade passou a não ter mais sentido, uma vez que os produtos importados tornaram-se muito mais baratos e podiam ser adquiridos de qualquer parte do território.

O modelo Zona Franca de Manaus entrou em ação novamente e reorientou a atividade econômica por meio do impulso à industrialização baseada nos incentivos fiscais (federal e estadual).

 

Durante as décadas de 1990 e 2000, principalmente, o Polo Industrial de Manaus se fortaleceu por meio da atração de diversas empresas multinacionais que lá se estabeleceram. Segundo o site da Suframa (http://www.suframa.gov.br/zfm_o_que_e_o_projeto_zfm.cfm), o modelo conta hoje com 600 indústrias de alta tecnologia e meio milhão de empregos, diretos e indiretos. São diversos os segmentos atuando no referido parque industrial, com destaque para os seguintes subsetores: eletroeletrônico, bens de informática, duas rodas, termoplástico, bebidas, metalúrgico e mecânico.

 

E dentro deste contexto, não poderíamos deixar de mencionar o subsetor com maior participação no faturamento do parque industrial, o eletroeletrônico, com 27 bilhões e meio de reais no ano de 2019, e com o maior número de trabalhadores empregados, pouco mais de 35 mil no mesmo ano, tendo se destacado na produção de caixas registradoras, câmera fotográfica digital, condicionador de ar, home theater, telefone celular, televisores, entre outros.

 

A ELETROS tem orgulho de fazer parte desta história de sucesso de um modelo tão pujante e que leva desenvolvimento econômico e social para a população do Amazonas, além de contribuir com o preservação do meio ambiente, haja vista que estudos científicos já demonstraram que até o presente momento o referido modelo é responsável pela preservação de 97% da cobertura vegetal no Estado do Amazonas.

 

E por falar em meio ambiente, Manaus é o local perfeito para o acesso à maior floresta tropical do mundo, para a realização do turismo sustentável e para admirar um dos maiores patrimônios naturais da humanidade. Quem nunca teve a curiosidade de conhecer o encontro dos rios Negro e Solimões?

Mas hoje, temos que dar os parabéns a Manaus, que, como já dito, completou 351 anos, e por ter resistido bravamente às turbulências da história e ter se tornado tão bela, grandiosa e promotora de desenvolvimento para a região. Que sua história sirva de exemplo para os desafios do futuro e para que nunca perca a esperança de dias melhores!