Região Norte e subsetores do PIM puxam alta da confiança da indústria

02/09 – Fonte: Jornal do Commercio (Amazonas)

 

Por Marco Dassori

 

Alguns dos segmentos mais significativos para o PIM (Polo Industrial de Manaus), a exemplo de máquinas e equipamentos (66,6 pontos), produtos químicos (65,9 pontos), máquinas aparelhos e materiais elétricos (65,1 pontos) e produtos de metal (65 pontos) estão entre os mais otimistas, em todo o país. É o que apontam os dados mais recentes do Icei (Índice de Confiança do Empresário Industrial), referente a agosto, calculado e divulgado pela CNI (Confederação Nacional da Indústria). E a indústria da região Norte (66 pontos) é a mais confiante em todo o país

A mesma sondagem mostra que todos os 30 subsetores consultados estão no nível de satisfação, sendo este o quarto mês consecutivo de confiança disseminada entre todos os ramos da indústria. Outros subsetores que carreiam a indústria incentivada de Manaus, a exemplo de “outros equipamentos de transporte” (duas rodas) e de bebidas se situaram na base da pirâmide da confiança, ao registrar alguns dos índices mais baixos da lista – 58,8 e 56,8 pontos, respectivamente.

Conforme o levantamento, apenas 21 divisões da indústria nacional cresceram no mês, enquanto dois estagnaram –extração de minerais não metálicos e metalurgia. Os outros sete (quatro deles no PIM) recuaram: produtos de madeira, biocombustíveis, impressão e reprodução de gravações, produtos de material plástico, outros equipamentos de transporte, equipamentos de informática, produtos eletrônicos e outros. A CNI ressalta, contudo, que os seis dos subsetores negativados recuaram menos de um ponto percentual e que a exceção veio apenas de manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (-3,7 p.p.).

Realizado por meio de entrevistas junto a 2.383 empresas, de pequeno (949), médio (860) e grande (574) porte, entre 2 e 11 de agosto, o Icei é um índice de difusão que varia de 0 a 100, sendo 50 a linha de corte. Quanto mais acima de 50 pontos, maior e mais disseminada é a confiança. Valores abaixo de 50 indicam falta de confiança, o que não foi o caso para nenhum dos segmentos industriais listados pela sondagem, neste mês.

A evolução dos indicadores e permanência no campo da satisfação se deu em todos os portes de empresa, mas não em todas as regiões brasileiras. A confiança é maior entre as grandes empresas (62,4 pontos) do que nas médias (62,5 pontos) e pequenas (61,7 pontos) –com altas de 0,80%, 2,29% e 1,31%, na ordem. A região Norte (66 pontos e +1,38%) desponta em primeiro lugar no ranking de otimismo, sendo seguida por Sul (64,6 pontos e +0,94), Centro-Oeste (63 pontos e -0,63%) –que teve a única baixa –, Nordeste (61,9 pontos e +4,03%) –a maior alta da lista –e Sudeste (60,9 pontos e +0,83%).

Produção em alta

Na mais recente pesquisa mensal do IBGE para o setor, referente a junho, o maior crescimento na produção industrial do Amazonas, na variação anual, veio justamente de máquinas e equipamentos (condicionadores de ar e terminais bancários, com +76,9%), sendo que as divisões de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (conversores, alarmes, condutores e baterias, com +20,4%) e de produtos de metal (lâminas, aparelhos de barbear, estruturas de ferro, com +8,5%) também tiveram incrementos significativos.

Linhas de produção que aparecem com recuo de confiança e índices mais acanhados na pesquisa da CNI, também apresentaram resultados positivos no levantamento do IBGE, a exemplo de outros equipamentos de transportes (motocicletas e suas peças, com +54,9%), produtos de borracha e material plástico (+27,7%), bebidas (+27,2%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (celulares, computadores e máquinas digitais, com +8,6%). O dado negativo vem, novamente, de impressão e reprodução de gravações (DVDs e discos, com -79,9%).

O dado mais recente do polo químico é o dos Indicadores de Desempenho do Polo Industrial de Manaus, referente a maio. A pesquisa da Suframa aponta que o subsetor industrial aumentou em 55,57% o seu faturamento em relação ao mesmo mês do ano passado, passando de US$ 118 milhões (2020) para US$ 183,69 milhões (2021). Vale notar que, no PIM, o segmento é representado essencialmente pelos fabricantes de concentrados de refrigerantes, que conseguiram pacificação em torno das alíquotas de IPI apena em tempos relativamente recentes.

Confiança na vacinação

Em texto divulgado pela assessoria de imprensa da CNI, o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, salienta que a confiança segue bem disseminada em todas divisões industriais e, mesmo naquelas que sofreram quedas, o indicador segue em nível elevado. “Todos mostraram confiança em agosto, algo que se repete há quatro meses. O subsetor manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos registrou a queda de confiança mais intensa, mas o indicador passou de 63,9 pontos para 60,2 pontos”, amenizou.

Em vídeo distribuído pela assessoria de imprensa da CNI, Marcelo Azevedo ressalta ainda que o aumento de confiança se dá por uma avaliação positiva das condições correntes das empresas e da própria economia brasileira, e que essa melhora na percepção se dá “certamente” pelas influências do “andamento da vacinação” e das expectativas de impactos positivos da imunização na retomada da atividade econômica, assim como o entendimento de que o processo já está surtindo resultados.

Insumos e inflação

Em entrevistas anteriores à reportagem do Jornal do Commercio, o presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas) e vice-diretor executivo da CNI, Antonio Silva, avaliou que o parque fabril amazonense passa por um momento positivo, após a segunda onda de Covid-19 e suas respectivas medidas de isolamento social. O dirigente assinala que o setor ainda enfrenta problemas, como a escassez de insumos, a variação cambial, a retração do consumo e o espectro da variante delta. Mas, a expectativa ainda é de “uma crescente positiva” nos próximos meses, “refletindo a retomada econômica do país”.

Em sintonia, o presidente da Eletros, José Jorge do Nascimento Júnior, também mencionou, igualmente em depoimentos anteriores, obstáculos significativos para o subsetor, como inflação, escassez de insumos (especialmente aço), incertezas da reforma Tributária e crise hídrica. Mas, reforçou que as fábricas vêm mantendo desempenho “interessante” em todo o país, principalmente na ZFM. Para o dirigente, as quarentenas ajudaram a impulsionar a produção e vendas de eletroeletrônicos, embora a flexibilização do distanciamento social, mediante o avanço da vacinação, tenda a relativizar esse cenário. Mesmo assim, ele aponta que a sazonalidade do segundo semestre é um fator positivo para a manutenção do desempenho.

 

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