Queda da importação gera superávit no País

03/09 – Fonte: DCI On-Line

A balança comercial do Brasil teve superávit (exportação maior que importação) de US$ 3,284 bilhões em agosto, valor recorde para o mês desde 2017. Apesar disso, o cenário do setor externo é delicado.

O resultado positivo não foi provocado por um aumento considerável das exportações. Mas, sim, por uma queda mais forte das importações. Em agosto, as compras do País chegaram a recuar 8,4%, na média diária, contra igual mês de 2018, somando negócios de US$ 15,6 bilhões. Já na comparação com julho de 2019, as importações caíram 13,3%.

Os dados foram divulgados ontem pelo Ministério da Economia. A valorização do dólar para cima de R$ 4,00 durante o mês passado foi o que impactou o resultado das compras externas do País, segundo observa a economista-chefe da Reag Investimentos, Simone Pasianotto.

“A baixa das importações ocorreu basicamente por conta do câmbio. Continuaremos a verificar essa dinâmica em setembro também”, comenta a especialista.

Isso deve ocorrer, porque a expectativa é de que o dólar continue alto, em meio ao ambiente de desaceleração do crescimento global e das incertezas causadas pela guerra comercial entre Estados Unidos (EUA) e China.

Em agosto, as exportações brasileiras somaram US$ 18,853 bilhões, queda de 1,7% na comparação anual e retração de 8,5% em relação a julho de 2019, na média diária.

A diminuição das importações de bens de capitais (-35,0%) e combustíveis (-34,0%) foi que puxou a queda das compras externas em agosto, contra igual mês de 2019. Houve retração também em bens de consumo (-7,0%) e bens intermediários (-2,0%).

Com relação a bens de capital, reduziram as compras, principalmente, de plataformas de petróleo, caminhões, máquinas e aparelhos mecânicos, unidades de processamento digital, entre outros.

Leila Pellegrino, professora de economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie Campinas, comenta que o dólar mais elevado pode prejudicar a aquisição de máquinas, equipamentos e insumos das empresas nacionais, afetando, dessa forma, os investimentos.

Pellegrino ressalta também que a queda das importações também reforça a fraca recuperação econômica que o País vive. No segundo trimestre de 2019, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil avançou 0,4% em relação ao primeiro trimestre e 1% na comparação anual.

Retração do saldo

Todo esse ambiente de incerteza global só reafirma a tendência de perda de fôlego da balança comercial brasileira. Em 2017, o saldo comercial do País chegou a bater recorde, ao chegar a US$ 67 bilhões diante do bom desempenho das exportações do agronegócio.

Contudo, o superávit recuou para US$ 58,3 bilhões em 2018 e deve fechar o ano de 2018 em US$ 52 bilhões, nas projeções da economista-chefe da Reag. Pasianotto projeta ainda mais um recuo da balança em 2020, para US$ 48,5 bilhões. “Esses números representam uma certa estabilidade nos nossos fluxos de comércio”, comenta. Ela avalia que o bom volume de reservas internacionais que o Brasil tem ainda é capaz de proteger o País de choques.

Pellegrino afirma, por sua vez, que além do desaquecimento das economias globais, outros fatores tornam o nosso setor externo mais vulnerável como a crise na Argentina, a guerra comercial e o relacionamento diplomático um pouco mais frágil entre o Brasil e a União Europeia (UE), diante das questões das queimadas na Amazônia e polêmicas provocadas pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL).

Acumulado no ano

De janeiro a agosto, as exportações somaram US$ 148,853 bilhões, uma queda de 5,2%, pela média diária contra igual período de 2018. Já as importações totalizaram US$ 117,094 bilhões, queda de 2,8%, pela média diária, sobre o mesmo período do ano anterior, para cerca de US$ 121,230 bilhões.

Com isso, a corrente de comércio alcançou cifra de US$ 265,947 bilhões, representando queda de 4,2% sobre o mesmo período anterior, pela média diária, quando totalizou US$ 279,125 bilhões. O saldo comercial acumulou superávit de US$ 31,759 bilhões, valor 12,9% inferior, pela média diária, em relação a 2018.

Fonte: https://www.dci.com.br/economia/queda-da-importac-o-gera-superavit-no-pais-1.828266