11/06 – Fonte: Em Tempo
Manaus – O anúncio do suposto fim da ZFM por parte do titular da Sepec, do Ministério da Economia, Carlos Costa, de forma pouco convencional, provocou manifestações de diversos setores no Amazonas e fora dele. Apesar da divulgação na Folha como “substituição” de polícia econômica, o presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), José Jorge do Nascimento Junior, afirmou não entender que se trata de um plano de substituição da política econômica vigente. Para ele, é importante salientar que toda a proposta de diversificação da economia é necessária e bem-vinda.
“Mas, não se pode preterir os investimentos e os empregos gerados hoje pelas indústrias do Polo Industrial de Manaus. As ações devem ocorrer juntas: fortalecimento do Polo Industrial de Manaus e a diversificação da economia do Amazonas. Temos como construir o futuro juntos: setor produtivo industrial, sociedade e governos.
Com cautela, Jorge Junior disse que ainda se faz necessário entender o que de fato o governo pretende fazer. O executivo lembrou que são bilhões de impostos pagos pelas indústrias instaladas em Manaus e milhares de empregos gerados de forma direta e indireta. “Tenho a convicção de que isso não será ignorado. O correto não é haver a transição de matriz econômica, mas sim a complementação da matriz ao fortalecer o PIM e com isso atrair e fomentar novos negócios”, argumentou.
O presidente da Eletros lembrou que estudos da Fundação Getúlio Vargas (FGV) provam que a ZFM é benéfica ao país, seja na arrecadação de impostos, geração de emprego, manutenção da floresta amazônica, e na melhoria da educação. Ele afirmou que o setor produtivo hoje instalado em Manaus quer e pode ajudar e muito. Sobre o desconforto gerado pelo anúncio do titular da Sepec.
“Então se há algum desconforto [diante do anúncio da substituição] ele deve ser de toda uma sociedade que construiu uma indústria forte e um Estado que tem um modelo de desenvolvimento regional único e positivo”, observou. “Mas ratifico que confiamos no governo federal e que a construção do futuro da economia do Amazonas deve ser feita com a nossa participação também”, salientou.
Pelo setor de duas rodas do PIM, a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas Ciclomotores Motonetas Bicicletas e Similares (Abraciclo) informou por meio da sua assessoria de imprensa que não tem conhecimento do estudo, apenas o que foi publicado na Folha de São Paulo. “Para a entidade se pronunciar ela precisa estar por dentro de tudo que envolve o assunto. Assim que for informada da pelo governo sobre esse conteúdo, assim que obtiver mais dados poderá pronunciar”.
Políticos
Governador do Amazonas Wilson Lima afirmou que não a mínima possibilidade de aceitar o fim da Zona Franca | Foto: Divulgação
No meio político, a bomba sobre o suposto fim da ZFM gerou inclusive o pronunciamento oficial do governo do Estado. “O governador do Estado, Wilson Lima, afirma não haver a menor possibilidade de aceitar o fim da Zona Franca de Manaus, sobretudo por ser um modelo de desenvolvimento regional garantido pela Constituição e reconhecido como eficaz na diminuição das desigualdades regionais e na preservação da Amazônia”, diz trecho da nota.
No comunicado, o governo também frisou a necessidade da implantação de novas matrizes econômicas. “Meu compromisso é com a implantação de novas formas de negócios, que nos permitam gerar emprego e renda, mas nada nos tirará a Zona Franca, esta também é um compromisso meu”.
Deputado Serafim Corrêa considerou que estavam fazendo uma brincadeira com a Zona Franca de Manaus | Foto: Marcelo Araújo
Na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam), o deputado Serafim Corrêa (PSB) criticou, na manhã desta terça-feira (11), o projeto batizado de “Plano Dubai” e disse que a forma como foi apresentado “parece uma brincadeira com a Zona Franca de Manaus”.
“Esse Plano Dubai sem antes se pensar em infraestrutura para a região amazônica é mais uma promessa. Então, o Governo Federal diz por um lado que não tem dinheiro para pagar o programa Bolsa Família neste mês e está dizendo que tem um Plano Dubai para fazer investimentos de bilhões de dólares aqui na Amazônia? Eles estão brincando com a gente, vão querer que a gente acredite nessa história? Brincadeira”, disse Serafim.
Serafim alertou, que sem superar as barreiras de infraestrutura impostas pelo excesso de burocracia, a região não terá viabilidade mínima para avançar em outras matrizes. Ele questionou se o Brasil tem disposição para vencer as barreiras burocráticas que impendem, por exemplo, a reabertura da BR-319.
“Aqui não se consegue construir um porto novo por questões burocráticas. Ora, se nós não conseguimos nem sequer superar a burocracia, que dirá os recursos que são necessários para, por exemplo, levar uma extensão do Linhão de Tucuruí de Itacoatiara a Autazes, para poder viabilizar a silvinita. Então, tudo isso são bilhões de dólares a serem investidos e eu não creio que o Governo Federal tenha essa bala na agulha”, declarou o deputado.
Políticos como Serafim Corrêa e Omar Aziz (foto classificam “plano Dubai” como uma “brincadeira” | Foto: Marcos Oliveira/AS
No Congresso Nacional, o senador Omar Aziz observou que o “plano Dubai” apresentado por Carlos Costa não substitui a ZFM em dez anos, nem em 20 anos, simplesmente por conta das questões ambientais. “Nada vai substituir a Zona Franca. Se pudermos somar novas atividades econômicas para o Estado do Amazonas, serão muito bem-vindas, porque precisamos sim desenvolver a piscicultura, o turismo, a mineração entre outras matrizes que possam nos ajudar a gerar mais empregos e renda”, disse.
Omar observo que, quando titular da Sepec fala em fármacos se faz necessário antes de tudo falar de pesquisa. “O Centro de Biotecnologia da Amazônia ele [Costa] está falando que não vai servir para pesquisa, mas sim como indutor de novas matrizes econômicas para o Estado do Amazonas. Então, comete um erro grave, porque o CBA é para pesquisar a biodiversidade e dela tirar riqueza e gerar emprego”, disse.
Sobre o turismo, Omar disse que o setor no Brasil recebe algo em torno de 4 bilhões de visitante, ano, que nos seus cálculos não representa 10% do faturamento da ZFM, no mesmo período. “A geração de emprego tanto direto quanto indireto é feita no Polo Industrial de Manaus”.
A respeito da exploração mineral, Omar disse que Carlos Costa mostrou total desconhecimento sobre o assunto. “Nós não vamos explorar os minérios da Amazônia do dia para noite. Até porque, onde está a nossa mineração, são Terras Indígenas”, comentou.
O senador disse outras atividades econômicas são bem-vindas, mas com a preservação da ZFM, mas aproveitou para classificar como “brincadeira” a comparação do Brasil com Dubai, diante dos números de investimentos dessa região Árabe, que em 2014, foram investidos US$ 2 trilhões. “Muito mais do que é hoje o PIB brasileiro”, disse Omar.
“Mas, não se pode preterir os investimentos e os empregos gerados hoje pelas indústrias do Polo Industrial de Manaus. As ações devem ocorrer juntas: fortalecimento do Polo Industrial de Manaus e a diversificação da economia do Amazonas”“
Jorge Júnior, Presidente da Eletros