PIM tem melhor resultado para outubro em seis anos

05/01 – Fonte: Jornal do Commercio (Manaus/AM)

 

Por Marco Dassori

 

O faturamento do PIM e dólares e em reais desacelerou, entre setembro e outubro. Em ambos os casos, no entanto, as vendas da indústria incentivada de Manaus mantiveram trajetória ascendente de dois dígitos no acumulado do ano, na comparação com igual intervalo do ano passado. Foi o melhor desempenho nos últimos seis anos. Já a média de empregos se manteve novamente acima das 100 mil vagas, tanto na variação anual, quanto na acumulada. É o que revelam os dados dos Indicadores de Desempenho do Polo Industrial de Manaus, divulgados pela Suframa, nesta quinta (30).

As vendas do PIM em moeda americana desaceleram 6,54% em relação a setembro, de US$ 2.75 bilhões para US$ 2.57 bilhões e empataram com a marca atingida 12 meses antes. Convertido na divisa nacional (R$ 14,52 bilhões), o resultado apontou para decréscimo de 3%, ante o mês anterior (R$ 14,97 bilhões), além de uma queda de 0,81% em relação ao mesmo período de 2020 (R$ 14,85 bilhões). O acumulado do ano segue positivo em ambos os casos. Houve uma escalada de 32,23% em dólares (US$ 24,47 bilhões) e uma decolagem de 35,15%, em reais (R$ 131,02 bilhões).

No texto de divulgação do levantamento, a Suframa destaca que 87,28% das vendas da ZFM no período foram para atender a demanda nacional. Salienta também que os R$ 14,52 bilhões registrados em outubro foram o segundo maior valor do ano, atrás apenas de setembro (R$ 14,97 bilhões). Diante dos números, a autarquia estima que o fechamento de 2021, deve superar os R$ 151 bilhões, com destaque para bens de Informática e a recuperação do polo de duas rodas. Mas, não projeta o resultado em dólares.

A Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas) estimou, em recente divulgação, que o PIM deve fechar o ano com faturamento de US$ 30,68 bilhões (R$ 162,99 bilhões). Caso os Indicadores de Desempenho do Polo Industrial de Manaus confirmem esses números, nas próximas divulgações da Suframa, o parque fabril da capital amazonense terá avançado 34,03%, em dólares, e 35,26%, em reais, quando comparado aos números de 2020 (US$ 22,89 bilhões e R$ 120,5 bilhões, respectivamente). A previsão da entidade é manter o crescimento na escala de dois dígitos (+35,77%), em 2022.

Na análise em reais, 13 dos 26 subsetores encerraram o acumulado do ano no azul – contra 25, em setembro. As principais influências positivas vieram de bens de Informática (R$ 35,66 bilhões e alta de +40,37%), eletroeletrônico (R$ 28,62 bilhões e +16,03%), duas rodas (R$ 16,71 bilhões e +42,01%). “Juntos, esses segmentos totalizaram faturamento de aproximadamente R$ 81 bilhões e geraram pouco mais de 58 mil empregos diretos”, assinalou a Suframa, por intermédio do texto de sua assessoria de imprensa

Em dólares, 24 subsetores do parque fabril de Manaus fecharam o aglutinado anual no terreno positivo. Responsáveis por quase metade das vendas do PIM, os polos de bens de informática (US$ 6.66 bilhões e 27,24% do total) e eletroeletrônicos (US$ 5.34 bilhões e 21,82% de participação) cresceram 38,37% e 13,45%, respectivamente. Já o polo de duas rodas (US$ 3.13 bilhões) cresceu 37,48% em dez meses, além de elevar ligeiramente sua fatia no faturamento global do PIM, entre setembro (12,75%) e outubro (12,78%).

Produtos e empregos

Assim como ocorrido nos meses anteriores, os principais resultados nas linhas de produção vieram de bens de informática e eletrônicos, até outubro. Os maiores aumentos proporcionais de produção vieram de home theaters (91.185 unidades e +97,22%), fornos de micro-ondas (4.005.208 e +52,14%), tablets (1.597.624 e +117,67%), tocadores de dvd e blu ray (319.441 e +124,88%), e microcomputadores portáteis (4.009.558 e +700,69%). Outros destaques vieram das motocicletas, motonetas e ciclomotores (1.023.934 e +30,10%), condicionadores de ar do tipo split system (5.276.439 e +31,86%) e relógios de pulso e de bolso (6.378.618 e +52,16%). Televisores (9.013.092 e -15,67%) e celulares(11.785.037 e -8,82%), contudo, foram na direção contrária.

Outra boa notícia veio dos empregos, a despeito da nova desaceleração mensal no ritmo das contratações. Em outubro, o PIM registrou média de 102.652 postos de trabalho, entre trabalhadores efetivos, temporários e terceirizados. O desempenho superou em 0,80% a marca do mesmo mês de 2020 (101.837), apesar de ficar 1,08% abaixo do dado de agosto deste ano (103.775) – em dado já revisado pela Suframa. Foi o sétimo melhor número do ano, superando abril (102.324), maio (101.815) e junho (102.214).

A média mensal de mão obra do parque fabril de Manaus, foi de 103.067 postos de trabalho até outubro, sendo já 9,10% superior à média registrada no “ano cheio” de 2020 (94.468). Foi o melhor número desde 2016 (86.161), embora ainda tenha ficado distante do patamar de 2015 (105.015) – ano inicial da crise anterior. Levando em conta apenas a mão de obra efetiva, o saldo no aglutinado até outubro de 2021 foi de 6.449 vagas, dado o predomínio das contratações (28.511) sobre os desligamentos (22.062). Também foi o melhor desempenho da série histórica fornecida pela Suframa – iniciada em 2016 (-6.123 vagas).

“Prioridades de trabalho”

Em texto da assessoria de imprensa da Suframa, o titular da autarquia, Algacir Polsin, considerou que os números foram positivos, além de demonstrarem que a confiança dos empresários nas políticas pública e na segurança jurídica do modelo ZFM segue inabalada. “Podemos ter certeza de que esse resultado histórico de 2021 será ainda mais expressivo com todo esse cenário de crescimento”, afiançou.

O superintendente também destacou o desempenho da indústria incentivada de Manaus em termos de geração de empregos. “Analisando-se as médias mensais deste ano e do ano passado, tivemos uma recuperação de aproximadamente dez mil empregos diretos. Isso vai totalmente ao encontro das prioridades de trabalho elencadas pela Suframa para este ano, as quais estão centradas fortemente na geração de emprego e renda e na melhoria da qualidade de vida da população de toda sua área de abrangência”, comemorou.

Desafios e esperança

O presidente da Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos), José Jorge do Nascimento Júnior, considera que os dados da Suframa reforçam que os setores industriais estabelecidos na Zona Franca colheram bons resultados neste ano. “Para os produtos de consumo, o primeiro semestre foi extremamente positivo, embora os indicadores não estejam bons neste último trimestre do ano. Mas, temos um 2021 muito interessante para os eletroeletrônicos, no acumulado”, ponderou.

Segundo o dirigente, a expectativa é que o país possa ter uma melhora na economia, com uma geração de empregos ainda maior, para que o ciclo virtuoso do crescimento possa funcionar. “Temos desafios, pois é ano de eleição. Há uma pressão cambial muito forte e uma inflação de dois dígitos, além de uma instabilidade política, que muito nos preocupa. Mas, estamos esperançosos que 2022 será um ano importante e que poderá dar continuidade para os bons indicadores da ZFM. Vai ser um ano de reforma Tributária e de avaliação das reformas estruturantes. Esses números mostram que qualquer movimento que possa prejudicar a ZFM é um erro para o país”, concluiu.