21/03 – Fonte: Em Tempo (Manaus/AM)
Manaus – Há menos de dois anos na presidência da Associação Nacional das Empresas de Eletroeletrônicos (Eletros), o amazonense José Jorge do Nascimento Junior, foi reconduzido ao comando da entidade pelos próximos quatro anos, até 2024. A renovação do título de Jorge Junior sobre uma das principais associações da indústria brasileira ocorre no momento em que o setor, junto com todos outros, enfrenta um inimigo invisível – o novo coronavírus (Covid-19) -, que já ameaça um recuo superior a 20% na produção industrial do primeiro semestre.
Jorge Junior, reconduzido ao comando da Eletros, afirma que a associação se unirá às entidades da indústria amazonense contra o coronavírus | Foto: Arquivo Em Tempo
A Eletros que conta hoje com 33 empresas eletroeletrônicas e eletrodomésticas associadas, com a maioria delas com plantas industriais instaladas na Zona Franca de Manaus (ZFM), tem se articulado, nesse momento de tensão causado pelo Covid-19, pela saúde do trabalhador, da população, segundo Jorge Júnior. “Nossas empresas estão empenhadas em garantir a boa saúde dos nossos funcionários. Mas também é importante conter um colapso econômico com o desemprego em decorrência da falência de empresas com a imensa crise econômica que se avizinha”, avalia.
O presidente da associação que começou o seu primeiro mandato em 2018 com a crise gerada pela greve dos caminhoneiros, agora se vê diante de um cenário, onde, de acordo com ele “não é possível contabilizar o recuo da indústria pela imprevisibilidade do tamanho real do que está por vir, mas o recuo no primeiro semestre será de mais de 20%”.
“Quando cheguei aqui [na Eletros] eram 28 empresas associadas e hoje são 33. Nós reposicionamos a entidade como legítima representante da Indústria eletroeletrônica e eletrodoméstica; melhoramos a relação com os poderes públicos e outras entidades e instituições parceiras; aprimoramos os serviços prestados aos associados. Agora, as pautas prioritárias são a reforma tributária e a abertura comercial e a pauta urgente é enfrentamento da crise causada pelo Covid-19”, afirma Jorge Junior.
União das entidades
Diante da crise na indústria em que Jorge Junior é reconduzido a presidência da Eletros, o presidente do Centro das Indústrias do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco, diz que em primeiro lugar a decisão do conselho diretor da Eletros é fruto do reconhecimento do profissionalismo e competência do Jorge Junior. “Para nós, que somos muito próximos, é motivo de alegria e orgulho. Institucionalmente falando, a Cieam tem um grande alinhamento com a Eletros, assim como a Fieam, onde estou segundo vice-presidente, também. Tenho certeza de que essa harmonia e comunhão de forças será cada vez maior”, avaliou.
Com Jorge Junior a frente da Eletros, Périco afirma que a união das entidades será fortalecida no sentido de auxiliar o gestor público com orientações e exemplos para que o vírus não se propague. Ele lembra, por exemplo, que pela primeira vez na história, o conselho do Cieam realizou uma reunião por vídeo conferência. “Estamos orientando as empresas sobre medidas e ações a serem tomadas nesse sentido de evitar a proliferação do vírus. Discutimos ações como uma postergação ou parcelamento do ICMS para ajudar a economia, principalmente de pequenas e médias empresas e o comércio”, diz.
Propostas contra crise
Périco explica que as entidades sugeriram ainda a postergação de pagamento de alguma multa que, porventura, venha a acontecer por falta de pagamento de tributos. Agora, o presidente do Cieam diz que a indústria espera muito mais, principalmente do Governo Federal, que trate desse momento da mesma forma como se fosse uma guerra “pois é uma guerra contra um inimigo silencioso e perigoso”.
O representante salienta ainda que a indústria espera pela abertura de linhas de crédito subsidiadas, suspensão de contrato de trabalho com o salário do trabalhador sendo pago pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) ou outros recursos como, por exemplo, as verbas partidárias. “Elas poderiam ser destinadas, ao invés de campanha política e suporte a partidos, para ajudar nesse momento, a mantermos as atividades e evitarmos demissões”, avalia Périco.
Sobre possível fechamento de fábricas em Manaus, Périco observa que vai depender muito das ações para evitar a entrada de pessoas infectadas em Manaus e na disseminação do vírus entre nossas pessoas. “Se os casos aumentarem muito, provavelmente, da mesma forma como aconteceu em outros lugares do mundo e do Brasil, sim, deixaremos os trabalhadores em casa para evitar essa aglomeração de pessoas dentro das fábricas”, afirma.