ESPECIAL MÊS DA INDÚSTRIA – JOHN MUELLER

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JOHN MUELLER

Para sintetizarmos a importância do nosso setor para o desenvolvimento da indústria nacional, o Conectados conversou com John Mueller, que hoje comanda o Grupo Mueller. Em mais de 70 anos de empreendedorismo, as análises e reflexões apontadas nesta entrevista nos permitem um olhar sobre os desafios e oportunidades que permeiam o setor produtivo.

1.Neste mês de maio, no dia 25, celebramos o Dia da Indústria. Tendo a industrialização iniciado na era Vargas e se intensificado na segunda metade dos anos 50, de lá para cá o setor viveu altos e baixos, embora seja fundamental para a economia do país. Desde quando a sua empresa atua no segmento e qual foi a motivação para se inserir no mercado brasileiro?

Em 1949, o Sr. Walter Mueller, fundador do grupo Mueller, inspirado nas revistas alemãs que recebia de seus familiares, criou a primeira máquina de lavar roupas produzida no Brasil, dando início a uma história de pioneirismo, inovação e desenvolvimento. O tempo passou, o mundo mudou e a Mueller seguiu escrevendo sua história de evolução nos eletrodomésticos da Lavanderia e da Cozinha. Atualmente, nossa marca é reconhecida dentro e fora do país, pela dedicação em facilitar a vida das pessoas – cada produto representa e expressa nosso propósito de oferecer qualidade, praticidade e conforto para as famílias.

2.Olhando para a trajetória de sua empresa, quais foram os momentos mais desafiadores e os principais marcos e conquistas ao longo de sua história? E olhando para o futuro, quais são as perspectivas e metas a serem alcançadas?

O desafio de empreender no Brasil nunca foi fácil, e a história da empresa se confunde com a história do nosso país, marcada por ciclos econômicos e sociais desafiadores que sempre exigiram muita dedicação, agilidade e confiança na superação dos obstáculos. Nessa trajetória de 72 anos, desde o início da unidade Eletrodomésticos (lavadoras semiautomáticas e automáticas, centrifugas e secadoras de roupas), tivemos marcos e conquistas que muito nos orgulham, com destaque especial para a expansão da empresa com a criação das unidades Fogões (fornos, fogões e cooktops), Hercules (motores elétricos) e Thor (condutores elétricos). Juntas, elas formam o Grupo Mueller. No futuro, seguiremos com nossa expansão de forma sustentável e consciente, desenvolvendo novos produtos e serviços e buscando a ampliação de nossos canais de vendas e regiões consumidoras, sempre com o intuito de satisfazer mais e melhor nossos consumidores.

3.Quais os principais desafios de se produzir no Brasil e quais as vantagens que nosso país oferece?

O atual sistema tributário do país oferece um desafio adicional ao nosso mercado competitivo e inconstante; e a infraestrutura brasileira continua sendo um grande gargalo, na medida em que prejudica o fluxo de mercadorias e pessoas para dentro e fora de nosso país. Por outro lado, este cenário é compensado com a extrema resiliência de nosso povo, pois, somos um país com quase 220 milhões de habitantes, vindos de diversas origens étnicas e culturais, criando um ambiente de oportunidades ímpares, onde o empreendedorismo nasce das dificuldades e do nosso espírito inovador e persistente.

4.O fenômeno da desindustrialização é persistente e vem chamando a atenção de economistas nos últimos Como reverter esse quadro na sua opinião?

O processo de desindustrialização ocorre por diversas razões, internas e externas ao país. Embora seja possível identificar alguns fatores de maior relevância neste processo, não é possível ignorar todo o contexto global existente. O baixo investimento em infraestrutura e a elevada carga tributária no Brasil intensificaram o movimento da produção nacional para o exterior, pois aumentaram o custo Brasil, prejudicando a competitividade brasileira.

Para reverter esta situação, precisaremos reduzir o custo Brasil, manter o equilíbrio fiscal e realizar urgente as reformas administrativa e tributária, gerando um ambiente saudável de negócios, atraindo maiores investimentos, conquistando assim a confiança dos investidores e ampliando a geração de empregos. Também precisamos investir fortemente em qualificação profissional e educação para gerar tecnologia e inovação, melhorando a competitividade do país.

Se todas estas ações forem realizadas, colheremos bons frutos e teremos condições de retomar o crescimento da indústria brasileira. Acreditamos também que teremos uma reorganização industrial a nível mundial, devido aos efeitos da pandemia, e isso pode ser bom para a indústria nacional.

5.Quais são as principais medidas para reduzir o Custo Brasil e aumentar a competitividade do setor na sua opinião?

A principal medida, que considero importante, são os investimentos na infraestrutura do país, que devem ser continuados e incrementados, pois irão contribuir para a melhora na distribuição e o escoamento de nossa produção internamente e no exterior, melhorando substancialmente a competividade do Brasil.

No setor de eletrodomésticos, por exemplo, que possui alta cubagem nos seus produtos e valor agregado relativamente baixo, é sempre um desafio enorme para a distribuição logística num país de dimensões continentais como o Brasil.

Além dos investimentos em infraestrutura, precisaremos avançar na desburocratização, e uma reforma tributária que traga simplificação e redução da carga de impostos sobre o setor produtivo seria muito bem-vinda. A busca constante pelo equilíbrio fiscal, e sua consequente consolidação, permitiria um fluxo ainda maior e mais bem alocado de investimentos privados.

Por fim, outros dois fatores relevantes são a segurança jurídica e a política no Brasil. Tanto o empresário brasileiro quanto os investidores estrangeiros precisam acreditar em um futuro com razoável segurança, viabilizando o crescimento econômico sustentável e, por consequência, a redução do custo Brasil.

6.Vivemos um momento de macroeconômica bastante desafiador, com forte retração nas vendas. Que medidas você avalia serem necessárias por parte do Poder Público para que este cenário atual seja superado?

O controle da inflação e a consequente redução da taxa básica dos juros certamente contribuirá para o equilíbrio do consumo no médio prazo, principalmente para as classes sociais mais baixas. Uma melhora no cenário global com relação à cadeia de suprimentos também poderia acelerar esse equilíbrio e recuperação do consumo no Brasil. Ainda, a redução da atual carga tributária sempre contribuiu para a aceleração de alguns setores importantes da economia, a exemplo da recente redução do IPI para os Eletrodomésticos em geral.

Sobre a Empresa:

Nome: Grupo Mueller.

Ano de fundação: 13 de junho de 1949

Linha Setorial: Eletrodomésticos

Especialidade/ Principais Produtos: Lavadoras, Centrífugas, Secadoras de Roupas, Fogões, Fornos, Cooktops, Motores Elétricos e Condutores Elétricos.

Local da sede e filiais: Timbó/SC

Quantas plantas produtivas: 4 (quatro)