Entrevista Toshio Murakami – vice-presidente da Linha de Ar-condicionado

1 – Qual seu panorama sobre o ano que se encerra e quais foram os principais desafios do segmento em 2022?

O ano de 2022 será marcado como um dos mais desafiadores para o mercado de ar-condicionado residencial ao fechar com uma queda de 20% para os splits e 60% para os aparelhos de janela, levando este mercado, a de aparelhos de janela, para um volume de aproximadamente 230 mil unidades o mais baixo desde 1990.

A combinação de fatores como a ocorrência por dois anos seguidos do fenômeno La Niña, o aumento da taxa de juros, o crescimento da inflação ou seja falta de calor, custo do dinheiro e perda do poder aquisitivo do consumidor foram e são as principais causas desta queda. Somados a todos a estes fatores tivemos outros desafios como a indefinição da mudança do PPB de Splits e que continua até o momento. Apesar de todas estas dificuldades tivemos importantes conquistas para o setor como a prorrogação do incentivo fiscal em 100% do crédito estímulo do ICMS do estado do Amazonas, o êxito na  ação de antidumping dos laminados de alumínio, a exclusão de todos os produtos de ar-condicionado fabricados na ZFM da redução do IPI, a redução dos custos logísticos entre outras mas vale destacar também o aumento da participação dos equipamentos Inverter em 2022 e o desempenho positivo do segmento de ar-condicionado comercial e industrial.

2 – Qual a expectativa, na sua leitura,  para o próximo ano? Quais os pontos positivos que podem aquecer o mercado em 2023?

O próximo ano continuará sendo desafiador mas as nossas expectativas são mais positivas para 2023: esperamos uma recuperação de parte da queda de mercado de 2022 através de ações por parte do novo governo de estímulo ao consumo e a construção civil, da recomposição do poder aquisitivo e da definição de uma política industrial que traga segurança jurídica, competitividade e investimentos. E claro, contamos com a ajuda de São Pedro  trazendo temperaturas mais dentro da normalidade.

3 – Quais os principais desafios da agenda setorial em 2023?

Podemos elencar que os principais desafios da agenda setorial serão a reforma tributária e a manutenção da competividade e benefícios da ZFM principalmente para o ar-condicionado residencial que tem  um IPI de 35%. Outro grande desafio vem das mudanças climáticas e sustentabilidade, com a necessidade de uma migração mais acelerada para gases refrigerantes de baixo GWP adequando as fábricas e toda a parte de serviços isto tudo impulsionado pela recente ratificação da Emenda de Kigali, assim como os desafios da logística reversa e da economia circular.

4 – Apesar de um momento econômico desafiador, a indústria deve seguir investindo em inovação nos seus produtos no próximo ano? Há alguma inovação tecnológica por vir?

A indústria de ar-condicionado deve seguir investindo sim principalmente em produtos mais eficientes mas também em equipamentos que usem energia alternativa como a solar mas na minha opinião o grande avanço será na oferta de produtos “inteligentes”.

Mas para que tudo isto aconteça será exigido dos fabricantes não apenas investimentos em produtos mas também em serviços.