Entrevista Thiago Rodrigues – Diretor setorial de linhas Marrom e Ar-condicionado

1 – Como você avalia a atuação das linhas marrom e ar-condicionado no ano de 2022? Quais foram as agendas de destaque nesses setores?

O ano de 2022 foi atípico para o mercado de eletroeletrônicos. Enfrentou-se uma adversidade comercial, com redução de venda nas linhas de ar-condicionado e marrom. Além disso, debate relevante sobre o Imposto de Produtos Industrializados (IPI) permeou as ações do setorial, onde, dentro desses setoriais, buscou-se a manutenção das vantagens competitivas da Zona Franca de Manaus, que alberga, por exemplo, 100% dos fabricantes de condicionadores de ar e de televisores. Felizmente, após diversas e bem-sucedidas interações da Entidade, a fabricação dos produtos representados pela Eletros permaneceu assegurada.

No caso da Linha Marrom, a Copa do Mundo, que historicamente sempre foi realizada no primeiro semestre, ocorreu entre os meses de novembro e dezembro, coincidindo com outras datas relevantes para o mercado, como Black Friday e Natal. Essa consolidação de eventos pode ter reduzido os efeitos positivos usualmente experimentados pelos fabricantes, que costumam, nos anos de Copa, ter os televisores como um dos produtos mais procurados pelos consumidores.

No caso da linha de ar-condicionado, além de severas questões mercadológicas, com redução do volume de vendas em torno de 20%, quando comparado ao ano passado, houve, ainda, diversas discussões focadas em regulamentação. Além do estabelecimento de índices mínimos de eficiência energética para os condicionadores de ar, intensificou-se a discussão sobre a política industrial do produto, com a publicação de CP nº 16/2022, que trouxe a proposta de um PPB por pontos, para a fabricação de ar-condicionado tipo split.

2 – Do ponto de vista econômico e comercial, o ano foi desafiador. Em sua opinião, as indústrias devem incrementar ações focadas em gestão para minimização dos impactos nos custos, melhoria de logística e produção para ter números superiores à 2022?

Como mencionado anteriormente, além dos desafios de mercado, muitos outros pontos foram alvo de discussões durante o ano (regulamentações, questões tributárias e de política industrial e etc.). Naturalmente, para enfrentar essas demandas, muitas medidas de otimização de custo e operação foram implementadas pelos fabricantes. Em 2023, essa busca por melhores condições, que culminam em produtos com preços ainda mais acessíveis, continuará, já que essa é a postura da indústria brasileira, principalmente aquelas que compõem a Eletros.

3 – Quais são os principais pontos de melhoria a serem alcançados nestes setoriais e quais os principais desafios na agenda de cada um deles em 2023?

O ano de 2023, a princípio, não nos parece promissor. Na verdade, a expectativa é de que continuaremos a enfrentar dificuldades, por diversas razões.

Dessa maneira, assim como as empresas trabalharam (e continuarão a trabalhar) internamente para otimizar seus processos, a Associação continua(rá) a lutar pelos melhores interesses da indústria nacional, de forma que tenhamos equidade de condições e de competitividade, seja no que tange aos produtos importados, seja em relação a outros setores produtivos de nossa economia. Os setoriais estarão focados em discussões que, além de passar pela definição de política industrial, transitarão por profundos debates em caso de eventual reforma tributária (o que impacta ambos setoriais, já que estes estão localizados na Zona Franca de Manaus).

4 – Quais as grandes novidades em relação à tecnologia de produtos para 2023 nas linhas de ar-condicionado e marrom?

No ar-condicionado, a tecnologia inverter é a bola da vez. No ano de 2022, apesar do menor volume de vendas, quando comparado ao ano passado, pela primeira vez, equipamentos de velocidade variável (inverter) foram mais vendidos do que o de velocidade fixa (on/off).

Na linha marrom, com a evolução do conceito de Internet das coisas, os produtos de áudio e vídeo, com capacidade de conexão, acabam ganhando cada vez mais destaque, inclusive, em muitos casos, sendo o hub de automação em muitos espaços residenciais e empresariais. Além disso, os fabricantes de televisores continuam a investir em tecnologias que propiciem melhores experiências de imersão ao consumidor, como é o caso do televisor 8K.

5 – Por fim, o que esperar da atuação da Eletros e de seu setorial em 2023 na atuação junto às associadas?

A Eletros continuará a atuar de maneira próxima aos Associados, sendo ferramenta de propagação da voz da indústria nacional de eletrodomésticos. Como Associação representante dos fabricantes nacionais, interagirá com as novas gestões governamentais (Federal e Estaduais) de maneira propositiva, indicando, através das suas empresas membros, não apenas eventuais problemas, mas também soluções factíveis, que possam ser adotadas pelas autoridades e permitam melhores condições de atuação e competitividade às empresas que atuam em território nacional.