Entrevista Eduardo Vasconcelos – vice-presidente de Linha Branca
1 – Qual seu panorama sobre o ano que se encerra e quais foram os principais desafios do segmento em 2022?
O ano de 2022 foi marcado por grandes desafios para o setor de Linha Branca. Apesar da sua grande resiliência, o setor sofreu bastante com a alta inflação de insumos e matéria prima, além da contração do mercado com a redução significativa da demanda.
O contexto econômico e político incerto e volátil, tanto nacional, quanto internacional, também representou um grande desafio para as empresas do setor, que tiveram de agir com muita rapidez para revisar planos e metas e ajustar a rota por diversas vezes ao longo do ano.
2 – Qual a expectativa, na sua leitura, para o próximo ano? Quais os pontos positivos que podem aquecer o mercado em 2023?
No que diz respeito ao cenário macroeconômico, entendo que permanecerão em 2023 vários dos pontos que desafiaram o setor em 2022, de forma que possivelmente iniciaremos o ano com o mesmo nível de complexidade. Por outro lado, a perspectiva de um novo governo e a definição de novos planos para a economia do Brasil sempre abrem a possibilidade de mudanças na tendência atual. Como ainda não conhecemos o direcionamento que será dado, neste momento nos cabe manter o otimismo cauteloso e aguardar a divulgação dos planos da nova administração.
3 – Quais os principais desafios da agenda setorial em 2023?
Além de todos os pontos relacionados à reorganização das cadeias de suprimentos e o contexto econômico, o setor de linha branca em 2023 enfrentará desafios importantes. Um deles é no campo do comércio exterior e medidas de defesa comercial, com a possível reorganização da política comercial brasileira. Outro é o tema tributário, com o possível avanço das discussões sobre a reforma tributária. Finalmente, as discussões regulatórias, toda a pauta relacionada à reorganização das cadeias globais – o chamado nearshoring – com seus riscos e oportunidades, toda a agenda ESG, e a necessária discussão de políticas de desenvolvimento do setor produtivo nacional serão os temas quentes para o setor em 2023.
4 – Apesar de um momento econômico desafiador, a indústria deve seguir investindo em inovação nos seus produtos no próximo ano? Há alguma inovação tecnológica por vir?
Se há uma certeza em todo este contexto volátil, é de que a indústria de linha branca manterá seus investimentos em inovação, não só em produtos, mas também nos seus processos produtivos. Em um mercado tão competitivo, com consumidores cada vez mais bem informados e exigentes, esses investimentos são condição essencial para permanecer no jogo.