29/01 – Fonte: Jornal do Comércio
Balanço do segmento industrial mostra crescimento de 5% na produção entre 2018 e 2019, segundo a Eletros
A Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos) projeta crescimento de 5% a 10% na produção do segmento ao final de 2020. Trata-se do mesmo índice de expansão previsto pela entidade, há exatos 12 meses. Os resultados colhidos em dezembro e divulgados nesta terça (28), contudo, confirmaram o valor ficou no rodapé das expectativas, já que a alta não passou de 5%, repetindo a performance de 2018.
Os números locais mais recentes da Suframa, presentes nos Indicadores de Desempenho do Polo Industrial Manaus, ainda são os de setembro. No acumulado, o polo eletroeletrônico faturou US$ 5.09 bilhões, 6,08% a menos do que o contabilizado no ano anterior (US$ 5.42 bilhões). Em reais, o desempenho apontou para um crescimento de 2,87% – de US$ 19,31 bilhões (2018) para US$ 19,87 bilhões (2019). Sua divisão de bens de informática, por outro lado, apresentou avanços de 7,01% (US$ 4.15 bilhões) e de 14,86% (US$ 16.21 bilhões), respectivamente. As expectativas das lideranças do PIM é que o faturamento tenha chegado próximo a um empate em dólares, já que o quarto trimestre é mais forte do que os anteriores.
Para o presidente da Eletros, José Jorge do Nascimento Junior, os números de 2019 apontam para uma provável retomada do consumo, ainda que abaixo das expectativas da entidade, que reúne as 33 maiores empresas do setor e mais de 500 linhas de produção – a maioria instalada no PIM. De acordo com o dirigente, os números de produção e vendas revelaram “uma recuperação mais lenta do que seria a ideal”. Ele considera, contudo, que 2020 começa com um cenário econômico mais positivo, que pode propiciar voos mais altos para os fabricantes.
“No ano passado, reconhecemos uma série de medidas positivas na condução da economia, além da aprovação da Reforma da Previdência. O setor espera maior consistência na melhora dos indicadores macroeconômicos, refletindo em uma retomada mais forte do consumo. Se este cenário se confirmar, devemos assistir uma sensível melhora na oferta de empregos, impactando positivamente na melhora da renda da população”, lembrou.
Televisores e condicionadores
Na linha marrom, que concentra equipamentos de áudio e vídeo, a alta foi de 3%. Carro chefe do segmento, e com sua produção inteiramente concentrada na ZFM, os televisores encerraram o ano com 12,4 milhões de unidades fabricadas – contra exatos 12 milhões em 2018. De janeiro a setembro, o PIM entregou mais de 9,70 milhões de aparelhos com tela de LCD, 5,97% a mais do que em 2018, segundo Suframa. “Se considerarmos que, em 2018, tivemos um ano de Copa do Mundo, quando tradicionalmente as vendas de TVs disparam acima da média histórica, registramos uma evolução moderadamente positiva em 2019”, ressaltou.
O setor de linha branca, que representa principalmente a produção de máquinas de lavar, refrigeradores e fogões, apresentou crescimento de 7,8% em 2019 em relação a 2018. No ano anterior o crescimento havia sido de apenas 1%. Os números absolutos indicam a produção de 15,8 milhões de unidades destes produtos em 2019, contra 14,6 milhões em 2018.
A linha branca se faz representar na ZFM por geladeiras, fornos de micro-ondas, máquinas de lavar e condicionadores de ar – sendo este último um dos itens com maiores índices de produção da indústria incentivada de Manaus. De acordo com a Suframa, a produção de aparelhos de modelo split system no PIM escalou 41,84% na comparação do acumulado dos meses iniciais de 2019 com o mesmo período de 2018, ao passar de 1,99 milhões para 2,83 milhões de unidades.
“Ao analisarmos isoladamente os dados de linha branca, verificamos uma evolução importante. Este viés positivo, porém, deve ser interpretado com moderação, tendo em vista que este segmento sentiu os efeitos da crise dos últimos anos, marcados por desempenhos que variaram entre estagnação e encolhimento da produção”, ponderou.
Com grande variedade de produtos, incluindo secadores de cabelo, sanduicheiras, ventiladores, entre outros, a linha de eletroportáteis avançou 17,8% em 2019. Foram produzidos 76,6 milhões de unidades em comparação aos 65 milhões de 2018, sendo que 25% foram ventiladores. Entre 2017 e 2018, a evolução foi de 14%. “Estamos falando de uma categoria de produtos que são mais acessíveis e estão presente na vida dos brasileiros de todos os níveis de renda. Os indicadores neste segmento também nos mostram uma evolução moderada, mas consistente”, ressaltou.
Reforma e abertura
Entre as pautas prioritárias na agenda do setor eletroeletrônico em 2020 figuram dois temas principais: Reforma Tributária e a abertura comercial. A manutenção das vantagens comparativas da Zona Franca de Manaus é um capítulo a parte. Em entrevista exclusiva ao Jornal do Commercio, Nascimento Junior disse que não há como pensar em reforma sem essa garantia de sobrevivência e destacou que sua manutenção é um trabalho conjunto do governo estadual, da bancada amazonense no Congresso, e das entidades de classe do setor.
No caso da abertura comercial, o dirigente ressalta que não adiantaria manter vantagens, se houver redução de alíquotas de Imposto de Importação para similares made in Manaus e Brasil, sem uma equivalente melhora no ambiente de negócios no país. Com as atuais condições – com o acréscimo do custo logístico para a ZFM –, não haveria como competir com os importados, lamenta o dirigente. Mas a abertura, no entendimento de Nascimento Junior, poderia ser uma oportunidade, na hipótese do Amazonas conseguir fazer do PIM um polo exportador para a América Latina.
“O setor tem se mantido permanentemente aberto ao diálogo com o governo e disposto a ajudar na formulação de propostas que contribuam para melhora no ambiente de negócios. A indústria está pronta para contribuir com o desenvolvimento do país por meio de investimentos, desenvolvimento tecnológico e geração de emprego”, finalizou.