Dólar supera R$ 4 com guerra comercial EUA-China e derrota de Macri nas eleições argentina

12/08 – Fonte: O Globo Economia

Coalizão que apoia ex-presidente Cristina Kirchner sai vitoriosa nas primárias. Bolsa cai 1,95% no Brasil

SÃO PAULO –  O dólar bateu a marca de R$ 4 nesta manhã, em meio à disputa comercial entre Estados Unidos e China e às perspectivas de que o presidente argentino, Mauricio Macri, não conseguirá se reeleger nas eleições de outubro. A moeda americana cedeu um pouco e é negociada a R$ 3,98, alta de 1,18% frente ao real. Na Bolsa, o dia também é de perdas por conta do cenário internacional. O Ibovespa, principal índice do mercado de ações brasileiro, cai 2,08% aos 101.851 pontos.

As ações com peso no Ibovespa têm fortes quedas. As ordinárias (com voto) da Petrobras recuam 2,79% a R$ 27,82 enquanto as preferenciais (sem voto) perdem 2,54% a R$ 25,61. Já as preferenciais do Itaú Unibanco se desvalorizam 3,32%, a R$ 35,50.

As eleições primárias na Argentina influenciam o humor dos investidores com derrota do atual presidente Mauricio Macri por 15 pontos percentuais, muito atrás das expectativas do mercado, que era de uma diferença de 9 pontos percentuais.

Fernández obteve 47,36% dos votos, enquanto Macri conseguiu 32,23%. Com estes números, Fernandez, que tem como vice a ex-presidente Cristina Kirchner, teria vencido a eleição presidencial na primeira rodada. A votação está marcada para outubro.

“Com isso, não vemos nenhum caminho possível para que Macri possa reverter esse cenário até outubro, o que indica uma vitória de Fernandez e Kirchner”, escreveram em relatório os analistas da XP Investimentos.

Macri foi eleito com a promessa de políticas econômicas austeras para a retomada do crescimento, o que acabou não acontecendo.

A volta do kichnerismo ao poder desagrada o mercado. Investidores veem Fernández como uma perspectiva mais arriscada por conta das políticas intervencionistas prévias da oposição.

O Merval, índice de ações da bolsa argentina, recua 29%, e o peso argentino está sendo negociado a 60 por um dólar.

Ainda no cenário internacional, os protestos em Hong Kong que levaram ao cancelamento de mais de 100 voos, após uma noite de confrontos entre a polícia e manifestantes, trazem preocupações. O conflito sinaliza a continuidade das tensões entre o governo local e a população. A tensão comercial entre China e EUA também segue pesando negativamente nos mercados.

No cenário doméstico, investidores seguem acompanhando a tramitação da reforma da Previdência no Senado. Na sexta-feira, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse que a reforma será aprovada pelo Senado e que eventuais alterações que possam ocorrer na proposta serão viabilizadas por meio de uma chamada Proposta de Emenda à Constituição (PEC) paralela.

Na manhã desta segunda-feira, o Banco Central divulgou que o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), espécie de prévia do PIB, retraiu 0,13% no segundo trimestre de 2019 em relação aos três primeiros meses do ano, o que indica uma ‘recessão técnica’.

O Banco Central realiza nesta sessão leilão de até 11 mil contratos de swap cambial tradicional, correspondentes à venda futura de dólares, para rolagem do vencimento outubro de 2019.