Conectividade é aposta para a indústria de eletroeletrônicos

29/07 – FONTE: Jornal do Comércio do RS

Soluções inteligentes para o que pode ser “a casa do futuro” aos poucos começam a chegar mais perto do consumidor final. Parte dessas inovações, que a cada ano priorizam mais o controle automatizado de tarefas simples, está sendo apresentada ao varejo na Eletrolar Show, feira considerada a maior do setor de eletroeletrônicos, eletrodomésticos e eletroportáveis na América Latina, realizada em São Paulo.

 

O diretor do Grupo Eletrolar, Carlos Clur, destaca que a grande tendência é a conectividade das casas inteligentes e a utilização da Inteligência Artificial (AI) nas rotinas diárias. “São quase mil produtos novos sendo apresentados para o varejo de eletroeletrônicos nesta edição, mostrando a importância dos novos padrões de consumo ao mercado”, afirmou Clur durante coletiva de abertura da Eletrolar Show. A edição deste ano conta com a exposição de cerca de 10 mil produtos de 700 marcas do segmento. São esperados 26 mil visitantes até o encerramento, na quinta-feira.

 

Os eletroeletrônicos possuem importância significativa de consumo devido à presença expressiva no dia a dia dos brasileiros, destaca Alessandro Germano, diretor de desenvolvimento de negócios do Google. De olho nesse nicho, a gigante de tecnologia tem concentrado grandes investimentos no Google Assistente, plataforma que permite ao usuário realizar uma série de tarefas através da voz. Desde fevereiro, a plataforma está disponível em português para controle de eletros dentro da casa. “Mundialmente, já são mais de 30 mil produtos compatíveis com a tecnologia do Google Assistente, que vão desde o controle de lâmpadas a aspirador de pó e carros, e o Brasil é um dos mercados mais destacados no mundo para este ramo”, observa Germano.

 

Alessandro Germano (com microfone) destaca serviços do Google Assistente.

 

Os lançamentos cada vez mais atentos ao apelo tecnológico ocorrem em momento em que a indústria de bens duráveis ainda espera por recuperação. Segundo o presidente executivo da Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), José Jorge Nascimento Júnior, o reaquecimento da economia ainda é considerado prematuro, ainda que os industriais trabalhem expectativa de volta de alta no segundo semestre do ano.

 

“O setor eletroeletrônico é o espelho da economia do país, pois reflete o hábito do consumo”, avalia o presidente da entidade formada por mais de 30 indústrias do segmento, entre elas três gaúchas – Tramontina, Midea Carrier e Black & Decker.

 

Em 2018, as empresas associadas da Eletros faturaram R$ 47,7 bilhões. O segmento ainda foi responsável pela criação de 150 mil postos de trabalho no ano passado. Segundo a Eletros, o setor representa 3,30% do PIB industrial brasileiro.

 

A fabricação dos produtos da chamada linha branca, que inclui produtos como fogões, geladeiras e máquinas de lavar, foi o destaque de produção no primeiro semestre de 2019, com alta de 13% ante o mesmo período do ano passado. Também houve crescimento na fabricação da linha de portáteis, com salto de 10% ante 2018. Já os produtos da linha marrom, representados pelos eletroeletrônicos de áudio e de vídeo, mostraram queda de 16%, explicados, em parte, pela sazonalidade de vendas, já que o ano anterior foi de Copa de Mundo, ocasião em que os consumidores adquirem mais esse tipo de produto, como os televisores.

 

Reforma tributária é preocupação para o setor

 

Apesar do otimismo para o segundo semestre pela proximidade de datas que tradicionalmente representam oportunidade para o varejo como a Black Friday, o Natal e o pagamento do 13º salário, questões do âmbito político e econômico preocupam os industriais. Dentre os temas está a discussão da Reforma Tributária, levanta pelo governo de Jair Bolsonaro, e que deve ser uma das prioridades do Congresso após o recesso parlamentar.

 

Segundo José Jorge Nascimento Júnior, presidente executivo da Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), o setor espera “com cautela” as alterações, garantindo-se que não haja aumento das desigualdades regionais e, principalmente, a migração de investimentos entre os estados ou do Brasil para fora. “O setor produto não pode ser quem recebe as regras, e sim quem participa da elaboração delas”, avalia Nascimento.

 

Outro motivo de preocupação é o acordo comercial firmado entre o Mercosul e a União Europeia. Para a entidade, um tratado que não preserve negócios entre países que possuam as mesmas capacidades produtivas pode ser “extremamente danoso” à indústria nacional. Por isso, Nascimento diz esperar que a abertura comercial seja “gradual, equilibrada, com previsão e diálogo”.

 

O tema já vem sendo tratado individualmente com representantes de cada estado. No Rio Grande do Sul, por exemplo, onde a indústria é considerada estratégica para o mercado nacional e internacional pela presença de empresas de grande porte como a Tramontina, conversas entre a associação e o governo gaúcho buscam mostrar a preocupação do setor com as possíveis perdas que a abertura de mercado acarretaria.

 

Fonte: https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/economia/2019/07/695485-conectividade-e-aposta-para-a-industria-de-eletroeletronicos.html