17/07 – Fonte: Correio Brasiliense
A expectativa é que a novidade amplie o uso de aparelhos interconectados no país e alavanque a recuperação econômica do setor. A modernização permitirá maior introdução da inteligência artificial e internet das coisas nas atividades cotidianas
A chegada do 5G ao Brasil deu uma injeção de ânimo no setor varejista de eletroeletrônicos e eletrodomésticos, que representa 2,5% do PIB Industrial. O segmento apresentou uma retração de 24% nas vendas nos primeiros cinco meses de 2022 em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo os dados compilados pela Associação Nacional dos Fabricantes Nacionais de Produtos Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos (Eletros), a expectativa é de recuperação parcial dos resultados no segundo semestre, impulsionada pela chegada da nova tecnologia, que deve trazer maior valor agregado aos produtos.
“O governo disse que até o final deste ano conseguirá alcançar todas as capitais. Se no meio do ano que vem tivermos nessas capitais ao menos 40% da nossa cobertura de internet 5G, teremos um ganho significativo no setor, que é a mola precursora”, declarou o presidente-executivo da Eletros, Jorge Nascimento, durante a Eletrolar Show All Connected, maior feira de negócios entre a indústria e o varejo da América Latina, que aconteceu nesta semana em São Paulo.
Para além de uma corrida para a troca de aparelhos celulares contemplados pelo sinal, a chegada da rede deve ampliar o uso da inteligência artificial (IA) e da internet das coisas (IoT), ou seja, produtos interconectados. “A indústria está com uma quantidade de lançamentos bem significativa e os avanços da tecnologia vão proporcionar uma nova experiência em segmentos da área de climatização, celulares, televisores, o mercado gamer, além da área de mobilidade urbana”, afirmou Carlos Clur, CEO do Grupo Eletrolar. Só o setor de games movimentou mais de R$ 2 bilhões no Brasil em 2021 e a previsão para este ano segue promissora, com uma expectativa de crescimento de 7,2%.
Apesar do cenário macroeconômico desafiador, caracterizado pela alta inflacionária, taxas de juros elevadas, variação cambial e elevado custo de produção, com o arrefecimento da pandemia, o setor de varejo passou a disputar parte da renda das famílias com o setor de serviços. “Na pandemia, apesar de um período caótico registrado nos primeiros meses, não apenas recuperamos as vendas como registramos resultados surpreendentes. O isolamento fez com que o consumidor investisse em melhorias no lar. Hoje, com a crise sanitária de certa forma sob controle, há uma expectativa de melhora no poder de compra”, avaliou o presidente-executivo da Eletros.
No geral, estima-se um aumento de 3,8% nas vendas do varejo este ano, de acordo com relatório da EMIS, plataforma digital do Grupo ISI Emerging Markets. O setor confia em uma recuperação moderada dos resultados no segundo semestre, período que concentra a sazonalidade das vendas de datas importantes para o segmento, como a Black Friday e o Natal. A Copa do Mundo, de acordo com representantes do setor, também deve se converter em um aquecimento nas vendas de alguns produtos, em especial de televisores.
Lar inteligente
Controlar dispositivos a distância por meio de aplicativos ou com assistentes virtuais, que atendem ao comando de voz, é uma realidade cada vez mais presente na casa dos brasileiros. Fechaduras smart, robôs aspiradores de pó e alimentadores inteligentes para pet foram algumas das novidades apresentadas durante a edição de 2022 da Eletrolar Show. Oferecer conforto, praticidade, economia e eficiência é uma tendência que tem ganhado a atenção do brasileiro com as casas conectadas, segmento que será impulsionado pela chegada do 5G.
Segundo o gerente de produtos na Geonav, Sérgio Miranda, a baixa latência do tempo de resposta de um comando será o grande diferencial da tecnologia para a maior automação dos ambientes. “A revolução do 5G começa no celular, mas possibilita que você programe sua casa para que as coisas aconteçam sem você precisar fazer nada. Além disso, garante mais sustentabilidade, você pode, por exemplo, controlar o uso de energia. E outro ponto é a acessibilidade, ter esses dispositivos em casa pode facilitar muito a vida de uma pessoa com deficiência física, com a opção de comando de voz”, disse.
Amante da tecnologia, o gestor de mídias sociais Luciano Borges, de 26 anos, usa a Alexa, assistente virtual desenvolvida pela Amazon, há mais de um ano. Este ano ele também decidiu investir em uma fechadura digital e já está se programando financeiramente para trocar, aos poucos, os demais eletrônicos de sua casa. “É revolucionário, principalmente se você tem a casa interligada com todos os acessórios com a mesma tecnologia. A minha vontade é de automatizar todos os cômodos, da entrada do portão aos banheiros, mas o financeiro não ajuda”, contou.
Ainda existe a falsa ideia de que a autonomia residencial é cara e fora da realidade, mas atualmente é possível encontrar no mercado produtos inteligentes para todos os tipos de bolso. Segundo José Ricardo Tobias, líder da Positivo Casa Inteligente, primeira plataforma de soluções no mercado brasileiro, é possível observar uma mudança gradativa no perfil de adesão aos dispositivos, que passam por uma jornada de democratização.
“Nos dois primeiros anos da marca, estava bastante concentrado em consumidores de classes A e B. A gente percebe nas nossas pesquisas uma entrada gradativa ainda de consumidores de classe C. O caminho natural é que a categoria seja cada vez mais democrática com o achatamento da curva de preços”, declarou Tobias.