30/07 – FONTE: Jornal DCI
Apesar da expectativa do setor crescer 19% este ano, dois desafios estão no horizonte dos fabricantes nacionais: o acordo comercial com a Europa e mudanças tributárias
Com a meta de obter crescimento de 16% nas vendas até o final de 2019, o setor de eletroeletrônicos começou a reagir. Apesar do cenário positivo no curto prazo, a chance de abertura comercial e mudanças tributárias podem lançar a indústria nacional em um cenário de alta competitividade e promover fuga de investimentos na cadeia produtiva.
“Temos profunda preocupação sobre a forma como essa abertura comercial e acordos com blocos econômicos estão acontecendo. Encaramos isso como um desafio a ser enfrentado. Por isso, estamos alinhando conversas com a equipe econômica do governo federal e também com os estados”, diz o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Eletroeletrônicos (Eletros), José Jorge do Nascimento Júnior, destacando que hoje o setor emprega 150 mil pessoas.
Para o dirigente da entidade, a cadeia vive um movimento de recuperação, que deve ser impulsionado com a alta na demanda no segundo semestre. “Vemos com otimismo os próximos seis meses do ano, em virtude da expectativa pela liberação de recursos para os consumidores, como por exemplo o FGTS [Fundo de Garantia por Tempo de Serviço] e décimo terceiro salário, além da chegada de datas comemorativas importantes no varejo.”
Segundo balanço divulgado pela entidade, entre janeiro e junho deste ano, a linha de portáteis registrou alta de 10% no volume de vendas em relação ao mesmo período do ano anterior. Em 2018, o faturamento do mercado como um todo foi de R$ 47,7 bilhões (veja mais no gráfico).
Diante dessa retomada, Júnior lembra que a melhora é lenta e gradual e outra questão no horizonte tem deixado os empresários apreensivos. “É preciso ter cautela com a reforma tributária, uma vez que pode ocorrer aumento da desigualdade entre diversas regiões do Brasil. É possível que ocorra migração de investimento entre os estados e, até mesmo, para fora do País com a saída de plantas industriais do território nacional”. Na visão dele, essas mudanças seriam injustas, pois põem indústrias estrangeiras competindo com fabricantes nacionais.
“Nossos players nacionais arcam com custos extras, como escolta armada para evitar roubos de carga e taxas para escaneamento de container. As condições de competição devem ser igualitárias”, disse, lembrando que a contribuição tributária dessa cadeia à União gira em R$ 20 bilhões anualmente.
Curto prazo positivo
Enquanto reformas e acordos comerciais não saem, o curto prazo parece promissor para os empresários. Segundo Nascimento Jr., sinais do reaquecimento do mercado de bens duráveis já estão mais nítidos no terceiro trimestre, principalmente pelo apelo tecnológico. “A conexão dos aparelhos eletrônicos já é realidade e, com isso, vemos parceria entre empresas para satisfazer hábitos de consumo das pessoas”, disse, dando a automação residencial por meio de voz como exemplo.
Para o sócio-diretor da consultoria empresarial GS&Consult, Jean Paul Rebetez, a tendência é que essas novas tecnologias de automação por voz e baseadas em internet das coisas tornem-se mais baratas conforme ganhem popularidade no mercado e maior aderência por parte do consumidor. “Toda nova tecnologia tem um alto valor agregado, até porque muitos vêm com um apelo de produto premium”, afirmou ele, destacando que a entrada de outros players de médio porte no mercado deve acelerar o processo de popularização e diminuição do preço dessa classe de itens.
Fonte: https://www.dci.com.br/impresso/bens-duraveis-reagem-mas-futuro-e-nebuloso-1.819740/3.305280