Setores da indústria têm enfrentado dificuldades para recuperar a produção

19/10 – Fonte: Jornal Nacional

 

Quatro meses atrás, parte das máquinas estava parada a espera de pedidos, enquanto os distribuidores vendiam tudo o que tinham nas lojas para fazer caixa. Sobrou o mostruário que apresenta hoje um descompasso entre a oferta e a procura. Os economistas explicam: para essa retomada, não tem pronta entrega.

 

Alguns setores da indústria têm enfrentando dificuldades para atender a retomada da demanda.

 

Falta material para os alicerces da retomada econômica. É o que diz a construção civil.

 

“Para 81% das empresas, houve desabastecimento do aço, houve 50% de desabastecimento do cimento, tubos e conexões de PVC, blocos cerâmicos, cabos elétricos, enfim, quase todos os materiais tiveram algum tipo de desabastecimento”, diz José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

 

Fonte do desejo de consumo de quem evitou sair de casa, a indústria de eletroeletrônicos foi levada ao limite de três turnos.

 

“Estamos com capacidade produtiva de nossas fábricas em 100%. Isso é prova que setor acaba sendo mola propulsora dessa retomada nesse momento, chegando a impactar inclusive na própria cadeia de suprimentos. Em alguns momentos muito pontuais, temos identificado algum atraso no atendimento de insumos e também o aumento de custo de alguns insumos”, afirma Jorge Nascimento, presidente-executivo da Eletros.

 

Para embalar um pacote, o papelão ficou 30% mais caro com prazo de entrega de até 60 dias por causa da demanda do delivery. E o plástico sumiu do mercado, segundo a Abiplast, por um desequilíbrio na oferta de matérias-primas no mundo.

 

O que a economia tem na prateleira é sempre o passado da indústria. E três, quatro meses atrás, parte das máquinas estava parada a espera de pedidos, enquanto os distribuidores vendiam tudo o que tinham nas lojas para fazer caixa. Sobrou o mostruário que apresenta hoje um descompasso entre a oferta e a procura. Os economistas explicam: para essa retomada, não tem pronta entrega.

 

Sem aço, não vivem a construção civil, o setor automotivo, bens de capital, além da indústria de utilidades domésticas, embalagens e recipientes e outros setores.

 

Dados das siderúrgicas nacionais mostram a temperatura dos fornos no ano de pandemia. Da média de produção de 2,7 milhões de toneladas em janeiro e fevereiro, caiu para 1,9 milhão em abril. Só em agosto retomou o nível do começo de 2020 que mal sustentou em setembro.

 

“Agora no mês de outubro, você está vendo que os pedidos que estão sendo colocados além do que seria para consumo normal, para produção normal, tem também um adicional que vem para efeito de reposição de estoque. Eu diria que é um bom problema que estamos vivendo nesse momento. Um bom problema porque estamos no meio de uma retomada. Então nesse momento acho que estamos em um período de ajuste que mais um mês, um mês e meio vai estar tudo normalizado”, afirma Marco Polo de Mello Lopes, presidente-executivo do Instituto Aço Brasil e coordenador da Coalizão Indústria.

 

Insumos básicos para um projeto de economia de 2021.

 

“Agora que a economia começa a voltar, que essas engrenagens todas começam a girar novamente, você tem uma longa cadeia para girar”, analisa Milton Fernando Rego, presidente da Associação Brasileira do Alumínio.

 

Fonte: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2020/10/19/setores-da-industria-tem-enfrentado-dificuldades-para-recuperar-a-producao.ghtml