08/07 – Fonte: Globo – Jornal Nacional
Resultado não é suficiente para compensar as perdas causadas pela pandemia.
Por Jornal Nacional
08/07/2020
As vendas do varejo subiram quase 14% em maio na comparação com abril. Mas o resultado não é suficiente para compensar as perdas causadas pela pandemia.
Maio foi um mês de comércio fechado em várias cidades, e por isso o resultado surpreendeu. O ano começou com vendas fracas, a situação piorou em março, quando prefeituras e governos estaduais tiveram que decretar quarentena para conter a pandemia. Em abril, o tombo chegou a 16%. Mas, em maio, houve crescimento de 13,9% na comparação com abril. Todas as oito atividades pesquisadas pelo IBGE tiveram alta.
A maior variação ficou por conta das vendas de tecidos, vestuários e calçados, que subiram mais de 100% no período. Eletrodomésticos e móveis, quase 50%; e artigos de uso pessoal e doméstico, 45%.
O desempenho do comércio animou os investidores da Bolsa de Valores de São Paulo, que nesta quarta (8) subiu mais de 2%, se aproximando dos 100 mil pontos.
“Os efeitos das políticas públicas que estão sendo feitas, a mais importante delas é o auxílio emergencial está mostrando seu impacto, e isso está sustentando a economia, e a queda está menor do que se imaginava”, explica Samuel Pessôa, pesquisador do Ibre FGV
Uma grande rede varejista fechou todas as 1.100 lojas no início da pandemia. Para manter os negócios, decidiu ampliar os investimentos no comércio eletrônico. Funcionou:
“O negócio como um todo cresceu 7% em abril, em todas as lojas fechadas. Em maio, 46% com a grande maioria das lojas fechadas. O consumidor deixou de gastar em viagem, em entretenimento para passar a gastar, por exemplo, no nosso caso, muita gente comprando produtos para abastecer a sua casa, a gente entrou na categoria de mercados, e também para equipar a sua casa”, diz Frederico Trajano, CEO do Magazine Luiza.
A empresa dividiu a plataforma de comercio digital com pequenos lojistas. Cinco mil conseguiram manter a renda pela internet.
“Foram milhares de pequenos e médios negócios que passaram a vender, pela primeira vez na sua história, online”, conta Frederico.
Mas será que essa recuperação tem fôlego? Os dados são positivos em relação aos de abril, que foi um mês muito ruim para a economia. Por isso, segundo analistas, é uma base de comparação frágil.
Olhando para maio de 2019, as vendas do comercio tiveram queda de 7%, uma retomada sustentada que deve depender de vários fatores, entre eles o controle da pandemia do coronavírus.
E quanto mais isso demorar para acontecer, diz o pesquisador Samuel Pessôa, mais lenta será a volta do crescimento do país.
“É uma retomada, é uma retomada que a gente vai ver à frente como vai ser E, aparentemente, o cenário que está se materializando é algo péssimo para o país, mas não tão negativo quanto imaginado até algumas semanas atrás”, afirma.