Clima quente e sinais de retomada da economia aquecem mercado de splits

22/11 – Fonte: Revista do Frio e ar condicionado (on-line)

Os bons ventos voltaram a soprar no mercado nacional de climatização e os primeiros sinais de retomada do crescimento econômico injetaram uma forte dose de otimismo na indústria nos últimos meses.

Segundo fabricantes ouvidos pela Revista do Frio, todas as categorias de produtos – desde os mini-splits até os sistemas VRF e chillers – têm vendido mais em comparação a 2018.

Particularmente, este ano tem sido muito forte para o mercado de splits, com o verão mais quente dos últimos 20 anos, e temperaturas que continuarão acima da média o resto do ano.

“O mercado deve fechar com um crescimento aproximado de 20% em relação ao ano anterior, além de um significativo aumento no percentual de aparelhos com inversores de frequência, que ganham cada vez mais relevância devido à economia de energia em relação a um produto de velocidade fixa”, diz a diretora de marketing da Midea Carrier, Simone Camargo.

Enfim, o comércio de sistemas de ar condicionado vem se comportando de forma positiva. Para o especialista em projetos de refrigeração da Fujitsu, Samir Hernandez, os fatores que justificam esse comportamento são o aumento da confiança do brasileiro e a melhora do quadro macroeconômico.

“É mais um ano em que observamos uma reação do mercado de splits, tanto residenciais como comerciais. Nota-se um crescimento em decorrência da estabilidade da economia e pelo fato de os consumidores não mais fazerem as compras desses produtos somente por impulso, mas sim com planejamento”, analisa o gerente de vendas da área de canais especializados da Elgin, Alexandre Faraco.

E a expansão do setor neste ano deve se refletir em seu desempenho no próximo. Na avaliação do diretor de produto da Trane, André Peixoto, “tudo indica que, em 2020, o mercado brasileiro vai crescer mais do que em 2014, até então o melhor ano da história” para o segmento.

Com a sua consolidação no mercado brasileiro há quase duas décadas, os aparelhos splits vêm passando por uma verdadeira mutação em tamanhos, cores e formas.  Somado ao novo design, a redução dos preços e a facilidade de instalação formam o tripé de benefícios que tem cativado, definitivamente, o consumidor brasileiro.

Tudo isso contribuiu para que um artigo antes de luxo passasse a ganhar espaço em escritórios e residências, ambientes nos quais eles são cada vez mais necessários.

Por proporcionar mais conforto, se adaptar facilmente a diversos ambientes e possuir um perfil versátil, é consenso que o produto agrega valor aos empreendimentos imobiliários.

 Tendências

Apenas 19% dos lares brasileiros têm um condicionador de ar. Entretanto, segundo um estudo realizado pelo Ministério de Minas e Energia, 35% das residências possuirão um aparelho do gênero até 2028.

Por esse motivo, os grandes players do setor priorizam o desenvolvimento de tecnologias que visem economia no consumo de energia e a redução de impactos ambientais.

Segundo a indústria, o consumidor brasileiro também está mais familiarizado com os produtos da categoria e, com isso, mais exigente. “Por isso, os usuários têm buscado eletrodomésticos com controle remoto via wi-fi, recursos para tratamento do ar e tecnologias que garantam alto nível de conforto sem o fluxo de ar direto”, exemplifica o gerente de produto da área de ar condicionado residencial da Samsung, Daniel Fraianeli.

“Tais recursos já são oferecidos por equipamentos da nossa marca, como é o caso do Samsung Wind-Free. Eles tornam o dia a dia dos consumidores finais muito mais prático e garantem economia de tempo, além de comodidade – é possível, por exemplo, programar a temperatura do ambiente antes mesmo de chegar em casa ou no escritório.”

“Todo o ecossistema Samsung facilita a vida dos consumidores e reforça o conceito de casa conectada. Cada eletrodoméstico tem a sua função, porém a marca acredita e desenvolve tecnologias para que os aparelhos se completem. E com o ar-condicionado não é diferente”, acrescenta.

Outra tendência forte no segmento é o uso de serpentina de cobre. “Ela é mais resistente do que a de alumínio e com condutibilidade térmica maior. Os tubos de cobre também são muito mais resistentes à oxidação e, por isso, os gastos com manutenção são bem menores”, revela.

Capacitação de mão de obra

Segundo a Midea Carrier, o mercado de instalação de ar-condicionado conta com aproximadamente 150 mil instaladores autônomos – alguns altamente capacitados, e outros que ainda precisam se qualificar.

De forma geral, as indústrias reconhecem que o baixo índice de profissionalização da mão de obra afeta o desempenho desse mercado de maneira direta, pois instalações malfeitas resultam em pouco conforto, alto índice de quebras e falhas, menor vida útil do equipamento, baixa eficiência energética e, acima de tudo, insatisfação do consumidor.

Para tornar os atendimentos mais efetivos, boa parte dos fabricantes possui projetos que visam o constante apoio ao cliente e aperfeiçoamento de profissionais do setor de refrigeração, com treinamentos e visitas às fábricas para potencializar as habilidades de técnicos e especialistas das linhas de condicionadores de ar residenciais, por exemplo.

“Assim, com foco em soluções e experiências de alta qualidade para os consumidores e o atendimento assertivo e eficiente, reforçamos a importância do conhecimento e capacitação de profissionais do setor”, informa a diretora de marketing da Midea Carrier, Simone Camargo.

A qualificação profissional também contribui diretamente para a segurança das instalações e dos próprios instaladores. Incêndios, por exemplo, normalmente são causados por curtos-circuitos devido a erros na instalação elétrica ou no dimensionamento de cabos e demais componentes da infraestrutura elétrica.

“Um profissional capacitado irá seguir a NBR 5410 e demais recomendações pertinentes, evitando problemas”, explica o gerente de climatização residencial da Samsung, Daniel Fraianelli.

Refrigeristas devidamente treinados também realizam serviços sem lançar fluidos refrigerantes na atmosfera, o que prejudica diretamente o meio ambiente.

“Os cuidados principais que os instaladores devem ter na hora de realizar a instalação são sempre seguir as instruções indicadas em nossos manuais de instalação, bem como, no mínimo, as diretrizes da NBR 16655 – Instalações de sistemas residenciais de ar condicionado – Split e compacto”, salienta o especialista em projetos de refrigeração da Fujitsu, Samir Hernandez.

Ele também destaca a relevância de se contratarem, instaladores credenciados e treinados pelos fabricantes para o processo de instalação. “Posteriormente, a manutenção dos aparelhos também deve ser realizada por profissionais que tenham conhecimento das informações indicadas em nossos manuais, além das boas práticas lecionadas em instituições de altíssimo gabarito como o Senai”, recomenda.

Para suprir essa carência do mercado, a Daikin inaugurou, recentemente, o maior centro de treinamento do País em São Paulo, na Barra Funda, “exatamente para mostrar que agimos diferente em relação à qualificação da mão de obra”, conforme destaca o gerente de marketing e produto da empresa no Brasil, Nilson Murayama.

“Se os fabricantes não tiverem a iniciativa que tivemos, todo ano estaremos questionando o desempenho do mercado com os mesmos argumentos. Com o novo Training Center Daikin, nossa intenção é trazer a melhor e mais adequada qualificação profissional aos instaladores, mantenedores e até mesmo usuários finais do nosso produto”, diz o gestor, ao ressaltar que a empresa investiu US$ 2 milhões no empreendimento.