17/10 – Fonte: Jornal do Comércio
Os fabricantes de eletroeletrônicos do PIM esperam fechar 2018 com pelo menos um empate na produção e vendas de TVs em relação aos resultados do ano passado. Áudio e vídeo, eletroportáteis e linha branca devem chegar ao fim do ano com 5% a 10% de alta, com destaque para os condicionadores de ar. A estimativa é da ELETROS (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos).
O Sinaees (Sindicato da Indústria de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares de Manaus), por outro lado, pondera que a insegurança jurídica decorrente das frequentes ameaças à sobrevivência da ZFM – e mesmo ao seu funcionamento – pode comprometer o resultado.
Majoritário no Polo Industrial de Manaus, e responsável por 26,85% de seu faturamento global, o segmento de produtos eletroeletrônicos ainda não conseguiu decolar, tendo acumulado números negativos nos levantamentos mais recentes da Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus) e do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O braço mais tradicional do subsetor voltou a fechar no vermelho no final do primeiro semestre, ao totalizar US$ 3.39 bilhões, contra mais de US$ 4 bilhões no mesmo período do ano passado, uma diferença de 15,43%. Medido em moeda nacional, o tropeço foi menor (-4,86%), mas as vendas não deixaram de passar de R$ 13.66 bilhões (2018) para pouco mais de R$ 13 bilhões (2019).
No balanço geral, a majoritária linha marrom perdeu posições para a branca. Apesar do desempenho positivo das linhas manufatura de condicionadores de ar do tipo split system – que aumentaram em 25,15% sua produção em relação ao ano passado, com 1.487.699 aparelhos fabricados –, itens tão ou mais tradicionais sofreram baixa significativa. É o caso dos televisores com tela LCD, que tiveram fabricação menor (-1,93% e 6.410.879 unidades) na mesma comparação, assim como receptores de sinal de TV (-9,86% e 2.477.033).
Melhor sorte teve a divisão de bens de informática do polo eletroeletrônico, que conseguiu avançar na medida em dólares, ao contabilizar US$ 2.77 bilhões no acumulado dos seis meses iniciais de 2019, 8,23% a mais do que o apresentado em igual intervalo de 2018 (US$ 2.56 bilhões). Em reais, o resultado foi mais expressivo (+20,10%), com R$ 10,65 bilhões (2019) contra R$ 8,87 bilhões (2018).
O balanço positivo nas vendas não se refletiu nos índices de produção, que apresentaram retração nos bens de informática mais importantes do PIM. O maior tombo foi sentido na linha de microcomputadores portáteis, que entregou apenas 196.977 unidades no semestre, 50,91% a menos do que em igual período de 2018 (401.229). Celulares (-6,66% e 6.858.469) e tablets (-35,06% e 199.897) também amargaram quedas.
Sem Copa
“Nosso segmento vem crescendo bem e fechamos o primeiro semestre com alta em praticamente todos os segmentos, como linha branca e eletroportáteis. A exceção vem da linha marrom, que está instalada na Zona Franca de Manaus. Mas, muito desse decréscimo se deve à forte base de comparação de 2018, que foi ano de Copa do Mundo e de maior venda de TVs”, amenizou o presidente da Eletros, José Jorge do Nascimento.
Mesmo levando em conta que 2019 é um “ano normal” e sem o reforço na demanda por meio de eventos televisivos, o dirigente diz acreditar que as linhas de produção de televisores devem recuperar o fôlego nos meses finais de 2019 e repetir a performance do exercício anterior, com a fabricação de 12 milhões de aparelhos, ao final de dezembro.
Dados mais recentes e disponíveis no site da Eletros apontam uma situação mais confortável. No confronto do acumulado até agosto com o mesmo intervalo de 2018, a produção de TVs (+4% e 8.586.769 unidades) e de fornos de micro-ondas (+6,9% e 2.414.642), por exemplo, já aparece no azul, embora o mesmo não possa ser dito de tocadores de DVD (-47% e 262.703) e de Blue-ray (-66% e 3.800). Condicionadores de ar split (+38% e 2.351.263) seguem crescendo, ao contrário dos modelos de janela (-20% e 218.883).
“Quando você compara mês a mês em relação ao ano passado, verifica que a sazonalidade da produção em ano de Copa ocorre no primeiro semestre. Estamos na expectativa de números melhores e o segmento de bens de informática também têm crescido. Então, acreditamos que, na pior das hipóteses, vamos repetir o resultado do ano passado”, frisou.
Insegurança jurídica
Já o vice-presidente do Sinaees, Celso Piacentini, se diz mais pessimista. Sem arriscar números, ele avalia que as instabilidades e a insegurança jurídica prejudicam qualquer ensaio no incremento da produção. Para o dirigente, o cenário desfavorável à ZFM é um obstáculo maior do que a fraca recuperação da demanda nacional por bens de consumo.
“Todo mundo esperava muito deste ano, mas não foi o que ocorreu. A atual conjuntura econômica e política do Brasil não favorecem o setor, principalmente na Zona Franca de Manaus. Todo dia tem um problema. E há muita dificuldade em aprovar projetos no CAS [Conselho de Administração da Suframa], que teve sua primeira reunião do ano apenas em julho”, finalizou.