Alta do dólar produção dos eletrodomésticos e eletrônicos no país

21/10 – Jornal Nacional

 

Além do dólar alto, a falta de contêineres também tem deixado os insumos importados cada vez mais caros

 

A alta do dólar também tem reflexo forte nas indústrias de eletrodomésticos e eletrônicos.

 

Do mar, vem mais um ingrediente para a panela de pressão dos preços. Tanto a indústria de eletrodomésticos quanto a de eletrônicos importam insumos da Ásia que chegam no Brasil de navio. Uma viagem cada vez mais cara.

 

No mundo todo, falta contêiner para o transporte de cargas. Na indústria de eletroeletrônicos, que inclui computadores e celulares, 78% das empresas relataram atrasos nas entregas de matéria-prima em agosto.

 

“Nesse momento, o que a gente percebe é que como outros setores estão retornando às suas atividades normais, evidentemente a gente está sofrendo uma concorrência até num aspecto logístico. Além do que, as viagens marítimas também foram reduzidas, o número de navios foi reduzido e o tempo de vinda da Ásia para o Brasil desses navios aumentou substancialmente”, diz o presidente executivo da Abinee, Humberto Barbato.

 

Para abastecer a linha de produção com o insumo importado e não deixar a fábrica parada, só pagando caro.

 

“A gente tinha no período pré-pandemia algo em torno de US$ 1 mil, US$ 1,5 mil por contêiner. Hoje, a gente chega a pagar cerca de US$ 30 mil pelo mesmo contêiner”, afirma o presidente executivo da Eletros, Jorge Nascimento Junior.

 

No Brasil, o problema do frete é multiplicado pela desvalorização do real. O preço do transporte é negociado em dólar e, na conversão, o custo sobe muito. Isso sem contar com o valor do próprio insumo, que também é em dólar. Sabe onde isso vai parar? Nas prateleiras das lojas.

 

Uma pesquisa de uma consultoria especializada em consumo mediu o efeito nos preços de janeiro a setembro de 2021. Os videogames subiram 61%; notebooks, 30%; cafeteiras, 28%; liquidificador, 25%; e fogões e geladeiras, 17%.

 

“Eu passei aqui e estava em torno de R$ 1 mil, menos de R$ 1,5 mil. E agora eu vim e me assustei com o preço: quase R$ 1,7 mil. Está bem carinho”, diz Vera Lúcia Gaspar, corretora de imóveis.

 

Ou seja: o aumento dos custos na indústria contaminou o varejo na forma de inflação, explica Lívio Ribeiro, pesquisador associado da FGV.

 

“Quando chegamos no varejo, o que nós vemos é que a renda disponível começa a pesar no bolso das famílias. A inflação come renda e isso diminui a capacidade de consumo de qualquer coisa, em específico, de bens. E ao diminuir a renda disponível das famílias, elas têm que fazer uma escolha: entre consumir bens, serviços, ou eventualmente não consumir e poupar para recompor perdas prévias, principalmente nesse período tão difícil que foi a Covid”, afirma.

 

É por isso que a máquina de lavar que a Dona Vera quer vai continuar na loja: “Eu gostaria de estar comprando de imediato, mas desse jeito não dá, fica difícil. Vamos esperar.”

 

 

Link: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2021/10/18/alta-nos-precos-de-insumos-importados-afeta-producao-dos-eletrodomesticos-e-eletronicos-no-pais.ghtml